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Indústrias Matarazzo: Justiça suspende demolição de chaminé histórica

Liminar manda paralisar processo de derrubada de um dos símbolos de São Caetano; Cetesb ameaça penalidade à Cyrella, atual dona do terreno

Lays Bento
19/12/2024 | 10:09
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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Considerada um símbolo de São Caetano, a chaminé das Indústrias Matarazzo, única estrutura ainda de pé no terreno histórico da Rua Maria Pamplona, no bairro Fundação, teve sua demolição suspensa na terça-feira (17) por uma liminar concedida pela 4ª Vara Cível da cidade, atendendo a pedido feito em ação popular protocolada pela vereadora Bruna Biondi (Psol). 

A ação ressalta que a chaminé é um monumento de importante valor histórico e cultural. “Erguida com tijolos de barro, a data de sua construção compreende o início do século XX, anos de 1910 e 1912. Representa um marco inicial no desenvolvimento industrial do município, além de resultar na formação de uma comunidade ítalo-brasileira no município”, diz a petição inicial.

A decisão liminar intima a construtora Cyrella, que pretende construir empreendimentos imobiliários no local, a apresentar contestação em prazo de 20 dias. Também inclui o município no polo passivo do processo e exige que o Executivo da cidade “adote medidas para a imediata paralisação das obras”. 

Outro ponto levantado na ação é a contaminação do solo local devido à atividade industrial, o que foi levado em consideração na decisão judicial para “proteger a saúde da população residente nos arredores”, diz o despacho.

Questionada, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) afirmou que inclusive pode penalizar a construtora pela obra. “Qualquer tipo de intervenção a ser realizada nessa área necessita impreterivelmente de autorização prévia da Cetesb, sendo que a demolição da chaminé constitui infração ambiental passível de aplicação de penalidade administrativa. A Cetesb fará uma vistoria ao local nos próximos dias para avaliar o caso e tomará as medidas cabíveis”, disse a companhia em nota enviada ao Diário ontem.

Também procurada, a Cyrella limitou-se a responder que faria uma “apuração interna” sobre o caso.

A vereadora responsável por impetrar a ação popular classificou o episódio como um caso de especulação imobiliária e afirmou serem necessárias políticas públicas para proteger a chaminé. 

“Vamos seguir atuando para que esse patrimônio seja preservado e a chaminé seja revitalizada”, disse Biondi, que revelou ainda que, na terça, os funcionários da obra se recusaram a parar a demolição e só paralisaram a atividade após a chegada da Polícia Militar, acionada para auxiliar no cumprimento da decisão judicial.

TOMBAMENTO

Em algumas oportunidades já foi tentado o tombamento da chaminé, em iniciativas na Câmara dos Vereadores, o que nunca de fato ocorreu. O vereador Gilberto Costa (PP) contou que não conseguiu êxito em duas tentativas de tombar os resquícios da fábrica. 

Por sua vez, o memorialista das Indústrias Matarazzo, Everton Calício, lamenta o descaso. “Em 2013, fizemos uma exposição sobre os 100 anos da Matarazzo em São Caetano, mas nunca entendi porque não temos nada além de memórias no Museu Histórico da cidade. Foi ela que desenvolveu o município e é uma pena ver só o Espaço Cerâmica ser valorizado, enquanto há um apagamento da Matarazzo. Principalmente porque tínhamos esta chaminé como uma das maiores do Estado”, diz. 




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