Apeoesp indica que pelo menos 886 alunos de 12 escolas da região serão afetados; fechamento inclui 26 classes do ensino médio e 7 do EJA
O governo do Estado planeja fechar no próximo ano 33 turmas do ensino noturno no Grande ABC, segundo levantamento da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado). De acordo com a instituição, pelo menos 886 estudantes da rede estadual da região serão impactados pela mudança, que inclui o fechamento de 26 classes do ensino médio e sete do EJA (Educação de Jovens e Adultos). No total, 12 unidades de ensino terão turmas noturnas fechadas, sendo os municípios de São Bernardo e Diadema os mais afetados, com cinco escolas cada. Mauá e Rio Grande da Serra deverão ter encerramento de classes em uma unidade de ensino cada.
Em todo o Estado, o fechamento deverá afetar 66 escolas em 28 municípios. O levantamento prevê o encerramento de 175 classes, sendo 165 de ensino médio e dez do EJA, e a medida deverá afetar 4.147 estudantes e 397 professores.
O número de turmas encerradas e de alunos afetados pode ser ainda maior. Isso porque o levantamento da Apeoesp foi realizado com dados fornecidos por professores, estudantes e subsedes. “Não recebemos informações de todas as diretorias de ensino”, informou o sindicato.
A Seduc-SP (Secretaria da Educação de São Paulo) não confirmou o número apresentado pela Apeoesp e afirmou que as classes não serão encerradas, pois as turmas são montadas na rede estadual conforme a demanda de estudantes matriculados. “As unidades que não tiverem o número de alunos suficientes que justifiquem o período noturno terão seus alunos transferidos para outras escolas, com transporte garantido se residirem a uma distância maior que 2 km da unidade”, destacou por nota.
O diretor da Apeoesp Paulo Neves diz acreditar que a medida adotada pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o próximo ano letivo trará impactos significativos para toda comunidade escolar, como evasão, superlotação de salas e demissão de professores. Isso porque muitos alunos frequentam as aulas no período noturno por falta de opção, como nos casos em que precisam trabalhar durante o dia para complementar a renda da família.
“Muitos alunos já nos informaram que vão abandonar a escola, tendo em vista que sem nenhuma consulta a Seduc simplesmente transferiu esses estudantes para o período da manhã ou para outra escola sem nenhuma discussão e sem que eles e suas famílias fossem informados. Nem sequer levaram para discussão no Conselho de Escola, cometendo um ato ilegal e arbitrário”, avalia Neves.
O diretor da Apeoesp afirma ainda que a medida poderá impulsionar a demissão de professores. “Haverá o desemprego em massa, pois esta medida é combinada com outras como a extinção do contrato temporário. Nossa estimativa é que 30% dos docentes ficarão desempregados”, alerta.
Neves disse ainda que o sindicato deverá denunciar o fechamento de classes na Comissão de Educação da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e no MP (Ministério Público), além de promover atos em frente à Seduc, a escolas e a diretorias de ensino. De acordo com o diretor, está prevista para esta terça-feira uma manifestação na E.E (Escola Estadual) João Batista Bernardes, que fica no Jardim Nazareth, em São Bernardo.
O QUE DIZ A SEDUC?
Sobre a transferência dos alunos, a Seduc alegou que todos os estudantes que necessitem do período noturno continuarão sendo assistidos neste turno. “Sempre foi exigido que se apresentasse comprovante ou qualquer declaração de vínculo empregatício, mesmo no trabalho informal.”
A Pasta associou uma queda na demanda pelo ensino noturno no Estado a iniciativas realizadas pela gestão. “Entre elas: expansão do ensino integral em quase 13% em 2025, crescimento em 140% das matrículas no ensino profissional para o ano que vem e a ampliação da capacidade de atendimento no período diurno, com a criação de mais salas de aula nas escolas.”
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