Discriminação de professor contra aluna de 13 anos com deficiência visual teria iniciado há dois anos na Emef Senador Flárquer; família registrou BO
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Matéria atualizada no dia 27 de novembro às 12h20
Um professor de geografia da rede municipal de São Caetano, segundo denúncia, teria mandado uma aluna autista “se lascar” durante a aula porque ela teria esquecido um livro. O caso teria acontecido em 2023 e não seria a primeira vez que o docente teria praticado ofensas contra a estudante de 13 anos, que tem deficiência visual e epilepsia. Ela está no 8° ano do Ensino Fundamental na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Senador Flaquer, no bairro Fundação.
A mãe da jovem, Fernanda Feliciano do Nascimento, 39 anos, registrou BO (Boletim de Ocorrência) no 1° DP (Distrito Policial) do município contra o professor Fabiano Pádua. A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que o caso foi encaminhado à DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) da cidade e que a unidade está colhendo o depoimento das partes envolvidas e trabalha em busca de mais elementos que "auxiliem no completo esclarecimento dos fatos".
Segundo o registro policial, feito no dia 18, além dessa ofensa, o docente estaria há pelo menos dois anos discriminando a adolescente, desde quando ela estava matriculada no 6° ano. Fernanda conta que durante esse período, o professor já teria chamado a aluna de ‘muda’ e, em outro episódio, no começo deste mês, ele teria constrangido a estudante em frente à turma durante apresentação de atividade escolar.
“Minha filha, que tem dificuldade para ler, por causa da baixa visão, estava apresentando o trabalho quando ele (professor) virou para outra estudante e falou para ela terminar a leitura porque dela (minha filha) não ia sair nada. Ela fica muito nervosa perto dele, não tem vontade nenhuma de fazer as atividades da disciplina dele, desenvolveu insônia e está com medo de perder as amizades que conquistou, porque os outros alunos gostam dele e até excluíram ela do grupo da sala”, descreve a mãe da jovem autista.
Nesses dois anos, Fernanda afirma que conversou com a coordenação da escola por duas vezes e que nos encontros foram relatados que o comportamento do professor seria “descolado” e que os “alunos gostavam do jeito dele”. No ano passado, a mãe também denunciou o caso à Seeduc (Secretaria Municipal de Educação), que afirmou que entraria em contato, porém, até o momento não retornou.
Depois do registro do BO e da divulgação do caso na mídia, o diretor da escola realizou uma reunião com familiares da aluna autista. “Continuaram defendendo ele e justificando suas ações, mesmo eu afirmando que isso estava afetando psicologicamente a minha filha. Depois de muita insistência, ficou acordado que ele não irá mais ministrar aulas para ela. Essa nova dinâmica começou há uma semana, ele organiza o material didático e um professor de inclusão aplica o conteúdo separadamente”, explica.
Para Fernanda, essa medida deve ser tratada como provisória. “Ele precisa ser afastado das atividades de maneira definitiva. Outras mães de crianças atípicas já me procuraram e relataram casos de perseguição com seus filhos promovidos por esse professor”, finaliza a mãe.
Questionada, a Seeduc não se posicionou sobre o caso até o fechamento desta edição. O Diário tentou contato com o professor acusado, Fabiano Pádua, mas não obteve retorno.
OUTRO CASO
Essa não é a primeira denúncia de discriminação na rede municipal de Educação de São Caetano. Em outubro do ano passado, um pai relatou que seu filho de 12 anos foi vítima de racismo na Emef Ângelo Raphael Pellegrino por quatro vezes em período de dois anos.
O último episódio teria acontecido em 29 de outubro de 2023, quando um estudante mais velho teria associado a vítima a uma pessoa oriunda do continente africano. Os pais do jovem registram BO. Leia aqui sobre o caso.
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