Região já tem 22 registros da doença neste ano, contra 7 em 2023; doença retorna após zerar os diagnósticos em 2020, 2021 e 2022
ouça este conteúdo
|
readme
|
Nos 11 primeiros meses de 2024, a coqueluche teve alta de 214% no número de casos no Grande ABC – número que pode aumentar. De janeiro até 21 de novembro, data da última atualização, as sete cidades já registraram 22 diagnósticos da doença, segundo painel epidemiológico do Ministério da Saúde. No ano passado inteiro, apenas sete pessoas contraíram coqueluche, enquanto em 2020, 2021 e 2022 não havia diagnósticos na região. O número deste ano é o maior desde 2014, quando 112 casos foram registrados.
No Estado e no Brasil, os dados são ainda mais preocupantes. Em São Paulo, a alta em 2024 até o momento é de 1.511%, passando de 54 para 870 casos, enquanto o País registrou evolução de 1.550% no número de registros, de 214 para 3.532.
A coqueluche, ou tosse convulsa, é uma doença infecciosa das vias respiratórias causada pela bactéria <CF51>Bordetella pertussis</CF>. Altamente contagiosa, pode ser especialmente grave em crianças menores de um ano, que ainda não foram imunizadas ou não completaram o esquema vacinal.
A infecção, que é transmitida por gotículas respiratórias, pode causar complicações severas, como pneumonia, engasgos, fraturas de costelas devido à tosse intensa, lesão cerebral e, em casos extremos, levar à morte. Em adolescentes e adultos, embora menos letal, a coqueluche também pode gerar problemas como desmaios, incontinência urinária e pneumonia. Grande parte dos casos de coqueluche é observada em crianças menores de um ano e em adolescentes entre 10 e 19 anos. Esses grupos, que dependem diretamente dos responsáveis para manter a vacinação em dia, apresentam maior risco de contágio e complicações.
O Ministério da Saúde reforça que a principal medida de prevenção é a vacinação, que deve começar ainda nos primeiros meses de vida da criança. A vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, é disponibilizada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, gestantes devem ser vacinadas a partir da 20.ª semana de gravidez. Esse cuidado permite que os anticorpos sejam transferidos para o feto, protegendo o recém-nascido nos primeiros meses de vida, até que ele possa também ser imunizado.
Na rede privada, a versão acelular da tríplice bacteriana é uma alternativa, especialmente para reduzir os efeitos colaterais. Na infância, ela é aplicada a partir dos 4 anos, com reforço a cada dez anos. Para adolescentes, adultos e idosos, há uma versão adaptada que também serve como reforço.
]RESISTÊNCIA
Para o médico clínico-geral Marcelo Bechara, grande parte do aumento no número de pessoas infectadas se dá pela recusa à imunização. “A doença não era erradicada, mas estava controlada. Tinha um caso e outro, era bem difícil a alta infecção. Na minha experiência médica, cheguei a ter contato apenas com um caso confirmado. A vacina controlava e quando pegavam, era de maneira moderada”, relata o médico.
“A transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva, espalhadas durante a fala, tosse ou espirro, e os sintomas começam a aparecer entre 5 e 10 dias após o contato, chegando até a 42 dias. O tratamento é feito com antibióticos, e exige internação no caso de bebês. Quanto mais novo for o bebê infectado, mais grave é a doença. Por isso, a prevenção começa ainda durante a gravidez, com a vacina dTpa. As gestantes devem receber uma dose de dTpa, a cada gestação. Dessa forma, a placenta transmite os anticorpos ao feto”, explica Fábio Argenta, diretor médico da Saúde Livre Vacinas, rede de clínicas focadas em vacinas.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.