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Greenpeace denuncia venda de cal contaminada no ABC
Do Diário do Grande ABC
25/03/1999 | 15:43
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A entidade ambientalista Greenpeace denunciou nesta quinta-feira a comercializaçao, no Brasil, de cal contaminada com dioxina, um dos piores poluentes orgânicos persistentes (POPs). O banimento dos POPs é objeto de uma convençao das Naçoes Unidas ainda em fase de negociaçao.

A investigaçao sobre a contaminaçao foi solicitada pela Uniao Européia, após ter sido detectada a dioxina no leite produzido na Alemanha. Em março de 1998, os alemaes concluíram que a dioxina vinha da raçao animal, feita à base de polpa cítrica e importada do Brasil. Toda a importaçao da raçao, chamada de CPP (Citric Pulp Pellets), está suspensa desde entao.

Investigaçao - O Ministério da Agricultura e a Associaçao Brasileira dos Exportadores de Citros, Abecitrus, iniciaram, em seguida, uma investigaçao para determinar onde estava ocorrendo a contaminaçao. Contrataram para isso as empresas de consultoria especializadas Midwest Research Institut MRI, dos Estados Unidos, e a ERGO Forachungsgeselischaft, da Alemanha. Em novembro do ano passado, a investigaçao concluiu que a contaminaçao na raçao vinha da cal hidratada procedente de uma indústria petroquímica. E passou a exigir certificaçao deste insumo utilizado na composiçao da raçao.

Segundo o Greenpeace, a indústria petroquímica responsável pela produçao da cal com dioxina é a Solvay, multinacional de origem belga, com depósito em Santo André. O depósito da Solvay ainda tem estoques de 1 milhao de toneladas de cal contaminada, de acordo com os ambientalistas.

"Os resíduos tóxicos da Solvay chegaram ao mercado de cal pela Carbotex, Indústria e Comércio de Cal Ltda., uma empresa que comercializa lixo tóxico ", diz o relatório do Greenpeace. "A Carbotex está estabelecida no mesmo endereço da Solvay/Indupa em Santo André. A Solvay também forneceu cal contaminada para a empresa Minercal".

"É uma triste ironia que venenos persistentes gerados por uma multinacional de origem européia em território brasileiro acabem contaminando a comida dos europeus", diz Délcio Rodrigues, coordenador de campanhas do Greenpeace no Brasil. "A prática de comercializar lixo tóxico é irresponsável. No caso do Brasil, o mínimo que a populaçao deve exigir é uma investigaçao detalhada sobre os caminhos que esta cal contaminada seguiu no País e a imediata descontaminaçao das fontes de dioxina na Solvay".




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