Capitão e campeão da Eurocopa com a seleção da Espanha, o atacante Morata, do Milan, revelou ter enfrentado uma dura batalha fora das quatro linhas contra a depressão, meses antes do torneio europeu. As crises depressivas fizeram com que o atleta pensasse em desistir do futebol.
"Quando você tem momentos realmente difíceis, de depressão e ataques de pânico, não importa qual trabalho você faz, qual situação de vida, você tem outra pessoa dentro de si que você tem que lutar contra todos os dias e todas as noites. Passei por um momento muito ruim, pensei que não conseguiria entrar em campo novamente", disse ao programa El Partidazo.
Morata relatou momentos de desespero e afirmou não ter forças para amarrar a chuteira. Mesmo assim, o atacante, com passagens por grandes clubes da Europa, como Real Madrid, Chelsea, Juventus e Atlético de Madrid, continuou lutando e deu a volta por cima, sendo peça importante na conquista da Espanha.
"Você tem que passar uma imagem porque é seu trabalho. Passei por uma fase muito ruim, eu explodi e chegou um momento em que eu não conseguia amarrar minhas chuteiras, e quando eu conseguia eu corria para casa porque minha garganta fechava e minha visão começava a ficar turva", disse à Rádio COPE.
"Três meses antes da Eurocopa, eu estava pensando se conseguiria jogar outra partida. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas é muito difícil e delicado. Naquele momento, você percebe que o que você mais gosta no mundo é o que você mais odeia, é complicado. Para mim, deixar a Espanha seria a melhor opção, porque eu não aguentava mais", completou.
Morata contou ainda que recebeu ajuda de companheiros de equipe e do próprio técnico do Atlético de Madrid, Diego Simeone na luta contra a depressão. "Pedi ajuda no momento em que vi que estava saindo de controle. Ia no caminho do treinamento sabendo que estava mal. No vestiário notavam. Quando tive que me vestir para ir ao campo, tive que ir para casa para me trancar no quarto e lutar contra minha cabeça. Obrigado a muitas pessoas, desde Simeone, Koke, Miguel no ano passado, meu psiquiatra, meu treinador... somos o que você vê na TV e nas redes sociais, mas muitas vezes não é real", disse.
Por fim, revelou que deixar a Espanha foi uma das soluções encontradas para combater a mente. "Aqui na Itália é diferente. Meus filhos veem que seu pai é respeitado. Veem que seu pai é um jogador que jogou nas melhores equipes do mundo. Foi a melhor coisa sair da Espanha", finalizou.
CARREIRA DE MORATA
Morata tem 31 anos e começou a carreira nas categorias de base do Real Madrid. Desde cedo defendeu a seleção espanhola, onde soma 80 jogos e 36 gols marcados. Pelo time merengue, foram 178 partidas e 76 gols.
Deixou o Real para defender a Juventus e, após uma temporada, retornou. Foi para o Chelsea, tendo defendido o clube inglês de 2017 a 2020, totalizando 72 jogos e 24 gols. Deixou o Chelsea para voltar à Espanha, para, desta vez, vestir a camisa do Atlético de Madrid. No meio do caminho, chegou a ser emprestado para a Juventus.
Após a conquista da Eurocopa e muito por causa da depressão, acertou com o Milan, que arcou com uma multa rescisória no valor de R$ 77 milhões. O vínculo do atacante com o clube italiano vai até 2028. Até o momento foram sete jogos e dois gols marcados.
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