Público feminino representa 53% dos votantes, mas só 34% das candidaturas aos sete Legislativos
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No Grande ABC, o voto feminino é maioria, com 1,142 milhão de mulheres aptas a votar em outubro, ou 53,2% dos eleitores. Em contrapartida, com 864 concorrentes, elas representam apenas 34,2% das 2.526 candidaturas ao Legislativo das sete cidades, segundo dados da plataforma DivulgaCand, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Nas disputas para as prefeituras, são 29 homens e apenas cinco mulheres.
Rio Grande da Serra é o município da região com maior participação feminina nas eleições para o Legislativo, totalizando 37,6% das candidaturas. É também um dos quatro municípios que possuem candidata para o Executivo, Penha Fumagalli (PSD). Em seguida figura Ribeirão Pires, com 36,5%. São Caetano e Diadema aparecem empatados, com 34,1% do total, seguido de Mauá (33,8%), São Bernardo (33,5%) e, por fim, Santo André (33,2%).
Hoje, dos 142 vereadores em exercício nas sete cidades, apenas dez cadeiras são ocupadas por mulheres (7,04%). Os homens somam 132 vagas (92,96%). Para as eleições, conforme a Lei 9.504/1997, os partidos precisam assegurar o mínimo de 30% e o máximo de 70% de candidaturas para cada sexo.
O especialista Antonio Celso Baeta Minhoto, doutor em Direito Público e Constitucional e professor na USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e da Fundação Santo André, observa que o que ocorre na região é “mais ou menos o que acontece no Brasil todo”. “Criaram-se leis inicialmente para incentivar a participação feminina na política e, num segundo momento, para assegurar essa participação. Porém, a existência dessas leis não é suficiente para despertar o interesse das mulheres pela política”, apontou. Em sua visão, a participação vem mudando, mas “está claro que levará tempo e muito trabalho educacional no campo da política.”
Bruna Biondi (Psol), vereadora em São Caetano e candidata à reeleição, apontou que “a falta de mulheres na política é justamente consequência de uma política ainda muito masculinizada, patriarcal, que precisa de políticas públicas que garantam a participação feminina”. Em sua visão, o Brasil precisa ser mais rígido com a legislação.
PREFEITURÁVEIS
O Diário contatou as cinco postulantes majoritárias do Grande ABC para comentar sobre a representatividade feminina na política. Na visão da candidata à Prefeitura de Mauá Amanda Bispo (UP), um cenário mais igualitário nas eleições só seria possível se houvesse luta. “Eu me sinto no dever de representar as mulheres trabalhadoras da cidade”, disse. De acordo com ela, a melhoria nas políticas públicas só será possível se as mulheres estiverem no poder. “Por isso, a nossa luta é pelo poder popular e pelo socialismo.”
A candidata ao Paço de Santo André Bete Siraque (PT) explicou que se trata de uma “sensação desafiadora e ao mesmo tempo de muita responsabilidade” disputar o Executivo. “Meu plano de governo tem 21 propostas para as mulheres, a começar pela promoção da equidade dentro da própria administração pública.”
Clenilza Panazo (PCO), também prefeiturável em Santo André, fez críticas ao sistema. “A sociedade capitalista coloca a mulher em situação de inferioridade social, paga salários mais baixos, não permite o desenvolvimento pessoal nas mesmas condições dos homens dentro das empresas e das universidades. As mulheres, naturalmente, já têm responsabilidade maior na manutenção da família e na criação dos filhos. A sociedade capitalista não cria as condições materiais necessárias para a mulher se libertar das tarefas domésticas, tais como creches, lavanderias e restaurantes públicos.”
Flávia Morando (União Brasil) comentou que observa uma mudança no cenário, “muito em razão de a sociedade estar cansada dos políticos tradicionais e valorizar cada vez mais os bons gestores e a participação das mulheres na vida pública”. A candidata ao Paço de São Bernardo citou a proposta de criar a Secretaria da Mulher no município.
Penha Fumagalli (PSD) desabafou e ressaltou que os ataques machistas desanimam a continuidade de mulheres na política. “Eu acho que as mulheres inseridas na política precisam incentivar outras, para que cada vez mais mulheres se candidatem e busquem seu lugar de fato”, defendeu.
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