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Compressa é esquecida dentro de paciente em hospital de S.Bernardo

Jovem de 20 anos ficou com material cirúrgico no corpo por 19 dias após realizar parto na unidade da mulher; Prefeitura não se manifesta sobre o caso

Thainá Lana
14/04/2024 | 07:01
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André Henriques/DGABC


 O que era para ser um dos momentos mais lindos e inesquecíveis da vida de Raissa Falosi Santos, 20 anos, se tornou um pesadelo. Após dar à luz a sua primeira filha no dia 18 de março, a jovem saiu do Hospital da Mulher de São Bernardo não apenas com o seu bebê no colo, mas também com um material cirúrgico esquecido em seu corpo.

Entre amamentação e trocas de fralda, Raissa conviveu por 19 dias com uma compressa (espécie de pano utilizado para estancar o sangue) no interior da sua vagina, próximo ao seu útero. O item teria sido deixado pela equipe médica após o parto normal e a colocação do Diu (Dispositivo Intrauterino). 

Com fortes dores no corpo, incômodo para sentar e febre de 40ºC, Raissa retornou ao Hospital da Mulher no dia 24 de março, foi medicada e informada de que seus pontos estavam abertos. “A médica que me atendeu disse que eles foram mal fechados, por isso estavam estourados”, relata a jovem, que retornou para casa sem saber o que estava por vir. 

Os sintomas continuaram, e após três dias de intensos sangramentos, a mãe de primeira viagem descobriu que havia um objeto dentro dela. “Estava sangrando muito, inclusive saindo muitos coágulos, e quando fui tomar banho senti algo estranho, peguei o celular e vi que tinha alguma coisa dentro de mim. Corri para o hospital novamente, isso foi no dia 6 de abril”, contou. 

Na unidade hospitalar, o médico que atendeu Raissa confirmou que havia uma compressa inserida em seu corpo, porém o profissional não realizou ou solicitou um exame transvaginal. No áudio gravado pela jovem durante o atendimento, o profissional explicou que além do objeto, foram retirados coágulos sanguíneos ocasionados pela compressa esquecida. O Diu também foi removido para evitar acúmulo de bactérias no dispositivo.

“A questão é que o material estava impedindo que saísse o sangramento e o sangue ficava acumulado na parte de trás, entendeu? Isso poderia distender a vagina e o útero. Parecia ser um material cirúrgico mesmo, acho que foi um erro, mas o importante é que você está bem e resolveu”, disse o médico à jovem durante a consulta. 

Para registrar o ocorrido, Raissa pegou do lixo o material retirado do seu corpo e fotografou. “Não me deram nenhum papel, não fiz nenhum outro exame para ver como estava, o médico só receitou analgésicos. Decidi tirar foto para provar o que aconteceu comigo, ainda não acredito que passei por isso”, lamentou a são-bernardense.

RESPONSABILIZAÇÃO

No dia seguinte à retirada do item, a paciente registrou um BO (Boletim de Ocorrência) e realizou na última terça-feira (9) exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal). A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que foi aberto um inquérito policial pelo 6º DP (Distrito Policial) de São Bernardo, e que a equipe da unidade aguarda os exames periciais para continuar com a investigação.

Carlos André Ramos da Silva, advogado de Raissa, falou que aguarda os laudos e a documentação do hospital para ingressar com pedido de abertura de processo administrativo disciplinar e jurídico contra o hospital e a equipe médica. 

Questionada sobre o possível erro médico no Hospital da Mulher, a gestão de Orlando Morando (PSDB) não respondeu sobre o caso até o fechamento desta edição. 




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