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Irmão de vítima de Diadema diz que Paço não dá respaldo

Kaio Lima relata falta de segurança no Hospital Piraporinha, nega versão de suicídio e desmente Prefeitura sobre apoio

Beatriz Mirelle
03/04/2024 | 09:09
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


 Diferentemente do que a Prefeitura de Diadema divulgou sobre oferecer respaldo à família do homem que caiu do nono andar da ala psiquiátrica do Hospital Municipal, no Piraporinha, o barbeiro Kaio Felipe Lima, 29, irmão da vítima, declara que o Paço sequer ligou para conversar com os familiares sobre o caso que ocorreu no domingo (31). Ele relata que o jovem de 27 anos, que tinha esquizofrenia, queria fugir da unidade de saúde e comenta também sobre falta de segurança aos munícipes que precisam de atendimento no local. 

“Essa tragédia mexeu bastante com a gente, principalmente pelo descaso de a ala psiquiátrica ter janelas com vãos, onde (dá para) passar um corpo humano. Acho que é uma negligência. O fato de estar no nono andar já não está certo”, diz Kaio Lima. 

Há duas semanas, a vítima foi até um dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da cidade acompanhado pela avó, após ter uma crise. No local, foi encaminhado para ser internado no Hospital Municipal de Diadema Doutora Zilda Arns Neumann. 

De acordo com Kaio Lima, o irmão já tinha comentado que queria sair do centro hospitalar. “Também disse que tinha visto um lugar (dentro do hospital) que dava para sair. Meu irmão deixou um bebê de três meses. Queria sair para ver a criança. Os médicos diziam que ele falava de fuga. Acho que meu irmão deveria ter sido assistido mais de perto.”

Na segunda-feira (1º), a Prefeitura de Diadema publicou nas redes sociais nota oficial sobre o caso. No comunicado, o Paço disse que “tem prestado todo suporte aos familiares do paciente neste momento de tristeza e luto”. Destacou ainda que “a ala psiquiátrica do hospital dispõe de toda estrutura para atendimento dos pacientes conforme preconizam as normas do Ministério da Saúde, bem como possui profissionais capacitados para atendimento dos pacientes”. 

Lima, porém, desmente essa versão. “Desde a hora que acordei hoje (ontem), meus familiares me mandam a postagem que a Prefeitura fez. Eles sequer ligaram para a gente. É mentira. Eu que estou resolvendo as coisas do meu irmão. O telefone que tem para contato é o meu. A Prefeitura não ligou para nenhum dos familiares. Nem para mim nem para a minha avó nem para o meu tio”, afirmou.

Segundo Lima, a expectativa é a de que o Paço ao menos faça o que divulgou. “Eu espero que eles cumpram o que estão falando, que é o suporte para tentarmos esclarecer os fatos. Eu e minha família vamos entrar com ação. É desumano a forma como estão tratando a situação. Como você está dando suporte sendo que nenhuma ligação foi feita? Pelas imagens do banheiro e do quarto (da ala), dá para ver que as janelas têm brechas. Dá para um adulto se apoiar e subir. Não acho justo eles (da Prefeitura) colocarem como se estivessem do meu lado.” 

O Diário questionou o Paço de Diadema sobre qual foi o suporte aos familiares. “A equipe do Hospital Municipal de Diadema e representante da SMS (Secretaria Municipal da Saúde), no dia do falecimento (31/3), conversaram com o tio do paciente, que foi ao hospital. Desde então, houve contato do serviço social do hospital na segunda (1º) e, nesta terça-feira (2), de representante da SMS ofertando apoio de profissionais nesse momento de luto. A Secretaria de Saúde reforçou que está à disposição para apoio e esclarecimentos da família, sempre que necessário.”

MINISTÉRIO PÚBLICO

Vereador de Diadema, Eduardo Minas (PROS) protocolou ontem ofício enviado ao Ministério Público sobre o caso. “A ala de psiquiatria do Hospital está instalada no 9º andar, sem as proteções devidas. A administração municipal, pelo seu Prefeito e pelo seu Secretário de Saúde, teve todas as chances para evitar a tragédia: foi questionada mais de uma vez sobre o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), ignorou determinação do Ministério da Saúde, não deu importância às indicações do paciente e agora, de forma singela, lamenta o ocorrido. Deve arcar, de forma objetiva, com sua irresponsabilidade, negligência e desídia”, disse ele no documento. 




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