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Grande ABC registra aumento de 16% em casos de tuberculose

Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão têm 769 contaminações em 2023, contra 663 de 2022; este ano, total se aproxima de 100

Gabriel Gadelha
Especial para o Diário
11/03/2024 | 07:01
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Agecom Bahia/Agência Brasil


 O número de casos de tuberculose no Grande ABC apresentou aumento de 16% entre os anos de 2022 e 2023, segundo dados divulgados pelas secretarias de Saúde das prefeituras. Este crescimento é observado nas quatro cidades analisadas: Ribeirão Pires, Diadema, Mauá e Santo André, que, juntas, somaram 769 casos no ano passado, contra 663 do período anterior. Esse número deve ser ainda maior, uma vez que São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra não forneceram as estatísticas referentes a doença. Neste ano, os quatro municípios somam 97 notificações.

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. A enfermidade afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. 

De acordo com o Ministério da Saúde, apesar de ser uma doença antiga, a tuberculose se mantém como um grave problema de saúde pública. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas são acometidas pela doença, responsável por cerca de 1 milhão de óbitos anuais. No Brasil são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4.500 mortes.

Em Ribeirão Pires, o aumento foi de 31% nos casos de tuberculose nos últimos dois anos – de 26 em 2022 para 34 em 2023. O município mantém uma rotina de duas campanhas anuais de busca ativa. A próxima terá início no dia 15 deste mês e se estenderá até o dia 31. Já em Diadema foi registrado um aumento de 24% (de 222 em 2022 para 275 em 2023) considerando casos novos, retratamentos por recidiva ou abandono. Na cidade são realizadas ações embasadas nos pilares do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, incluindo a busca ativa de sintomáticos respiratórios e a intensificação de campanhas de diagnóstico.

Mauá, por sua vez, segue as diretrizes do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, realizando campanhas anuais de busca ativa de diagnóstico e investindo na capacitação das equipes profissionais. O município teve um aumento de 23% entre 2022 e 2023 – de 163 para 201, respectivamente.

Santo André registrou crescimento de 2,7%, de 252 em 2022, para 259, em 2023. A detecção precoce foi apontada pela Secretaria da Saúde da cidade como uma medida fundamental para o controle da doença, com foco na busca ativa de sintomáticos respiratórios e acompanhamento dos pacientes diagnosticados.

Em 2024, as quatro cidades tiveram notificados 97 casos da doença: Ribeirão Pires (seis), Diadema (25), Mauá (33) e Santo André (33).

A SES (Secretaria de Estado da Saúde) informou que, neste ano, já foram registrados 2.971 casos de tuberculose em todo o Estado, sendo 2.027 envolvendo pacientes do sexo masculino e 944 no feminino. Foram 244 contaminações na faixa de 0 a 19 anos, 2.305 entre pessoas de 20 a 59 anos e 422 com 60 anos ou mais.

No ano passado foram registrados 20.547 casos, sendo 14.292 em homens e 6.255 em mulheres. Na divisão por idades, 1.740 estavam na faixa de 0 a 19 anos, 15.813 de 20 a 59 anos e 2.994 tinham 60 anos ou mais. Já em 2022 ocorreram 19.184 casos, sendo 13.463 em pacientes do sexo masculino e 5.721 do feminino. No recorte por faixa etária, foram 1.608 contaminações na faixa de 0 a 19 anos, 14.713 entre 20 e 59 anos e 2.863 de 60 anos ou mais.

O Estado tem o Plano Estadual de São Paulo pelo Fim da Tuberculose até 2025. As metas são reduzir o coeficiente de incidência e o número de mortes pela doença.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), Gleison Marinho Guimarães afirma que a tuberculose é uma doença que requer atenção especial devido aos seus sintomas persistentes e às possíveis complicações que podem surgir, caso não seja tratada adequadamente.

O especialista destaca os principais sintomas. “Tosse persistente por mais de três semanas, muitas vezes acompanhada de catarro e, às vezes, sangue. Febre, especialmente à tarde, suor noturno, perda de peso, cansaço e sensação de fraqueza e falta de apetite.”

A tuberculose é transmitida quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala, lançando no ar partículas que contêm a microbactéria. “O diagnóstico é feito por meio de exame de escarro, raio-X do pulmão e teste de sangue (IGRA). Esses métodos ajudam a confirmar a presença da bactéria causadora e a identificar possíveis anormalidades nos pulmões”, diz.

Guimarães explica que o tratamento dura, no mínimo, seis meses, mas salienta que pode se estender dependendo da resposta do paciente e se a doença for resistente a certos medicamentos. “O tratamento da tuberculose geralmente envolve uma combinação de medicamentos específicos para combater a microbactéria. Os medicamentos Isoniazida, Rifampicina, Etambutol e Pirazinamida são os mais comumente usados. É crucial tomar exatamente como prescritos pelo médico, sem interromper, para evitar a resistência das bactérias e garantir a cura completa”, afirma. <TL>




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