Economia Titulo
Cooperativas do ABC serão piloto em projeto do BNDES
Antonio Rogério Cazzali
Do Diário do Grande ABC
21/02/2003 | 21:40
Compartilhar notícia


As cooperativas do Grande ABC farão parte do projeto piloto do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que prevê a liberação de linhas de crédito para este segmento. O plano foi divulgado nesta semana durante a visita do vice-presidente da instituição, Darc Antônio da Luz Costa, à região.

“Nossa região servirá como piloto do projeto do banco para que futuramente a estratégia da concessão de linhas de crédito às cooperativas se espalhe por todo o país”, disse o presidente da Unisol (União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo), Aziel Pereira da Silva, entidade que congrega 13 cooperativas, 11 delas no Grande ABC, e que coordenará o projeto.

Ele disse que uma comissão será formada após o Carnaval para discutir as diretrizes da liberação do crédito. “Esperamos que as linhas já estejam disponíveis até julho, pois está na hora de o banco fazer jus ao S, de Social, de sua sigla.”

Segundo Silva, as cooperativas de trabalho da região são formadas, quase sempre, a partir de empresas falidas, com maquinários obsoletos e sem capital de giro. “O setor precisa de investimentos para se modernizar e concorrer no mercado, de igual para igual.”

Para o presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de Trabalho), Evaristo Machado Netto, “esses empréstimos vão reforçar o papel importante das cooperativas na geração de postos de trabalho e renda”. De acordo com o advogado da Trevisioli Advogados, de São Paulo, Jeferson Nardi, que atua em parceria com a entidade, espera-se que essas linhas de crédito tenham juros entre 10% e 12% ao ano.

Segundo ele, um dos grandes problemas do setor é não conseguir crédito nos bancos privados que chegam a cobrar taxas de 10% ao mês, depois de exigirem uma série documentos.

Segundo o presidente da Unisol, o anúncio feito pelo BNDES deverá contribuir para que muitas empresas saiam da informalidade. “O presidente Lula conhece bem a nossa realidade e sabe que as cooperativas podem diminuir o desemprego, além de arrecadarem vários impostos.” Ele afirmou ainda que as cooperativas e seus cooperados pagam várias taxas na condição de trabalhadores autônomos.

Dados da Ocesp mostram que no Brasil são hoje cerca de 6 milhões de pessoas relacionadas às cooperativas. “A atividade ainda pode crescer muito no país, pois nos Estados Unidos e em países da Europa cerca de 50% da população economicamente ativa tem alguma atividade ligada ao cooperativismo”, disse Silva.

Para a presidente da CTI (Cooperativa de Trabalho em Tecnologia da Informação), Marta Reis Azeredo, entidade que congrega 4,8 mil associados, dentre analistas, programadores, digitadores, entre outros, com sede em São Paulo e atividades nas região, as cooperativas de trabalho precisam de incentivo do governo para crescer. “Quando assumiu a presidência, o Lula disse que o cooperativismo teria prioridade. A declaração do BNDES demonstra que ele cumprirá sua promessa de fortalecer o setor.” Segundo Marta, nos últimos anos as cooperativas seguraram seus investimentos porque não se sujeitam a pagar taxas mensais de 10% ao mês de linhas de crédito oferecidas pelos bancos privados. “Aceitar condições deste tipo pode decretar o fim de uma cooperativa.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;