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Autran retoma com espetáculo ‘Quadrante’
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
30/07/2003 | 19:28
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Paulo Autran estreou o espetáculo solo Quadrante há 14 anos. Depois de apresentá-lo durante a programação de inauguração do Sesc Santo André e do Teatro do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, no ano passado, o ator o leva para o palco do recém-reformado Teatro Aliança Francesa, em São Paulo. A temporada, de três semanas, começa na sexta-feira.

Para Autran, “não há um motivo especial” para a série de apresentações inseridas em programações inaugurais. “As pessoas gostam do espetáculo, acham que vai ter público e me convidam (para fazê-lo)”, afirma. O ator calcula ter mostrado Quadrante, que já esteve em várias capitais estaduais e em Lisboa, “pelo menos 400 vezes”. “Marco todas as peças e os dias em que as faço, e também a média de espectadores, mas não cheguei a fazer isso com Quadrante”, diz.

De acordo com o coordenador geral do Aliança Francesa, Mário Martini, o prestígio do ator e a necessidade de firmar o nome do teatro junto ao público pesaram no convite a Autran. O Aliança Francesa foi inaugurado em 1964 e ficou fechado no ano passado para reforma. Responsável pela programação artística do teatro, Martini ainda adiciona o fato de “Paulo, curiosamente, não ter feito nada no Aliança”.

Autran, que tem 81 anos e se dedica ao teatro há 53, não confirma que Quadrante seja sua montagem preferida, nem que tenha alguma pela qual nutre predileção: “Gosto muito de encenar Quadrante. Tenho prazer. Sinto que a platéia está comigo, gostando de cada coisa e se divertindo. Os textos são bonitos e engraçados”.

O próprio ator define o espetáculo como “um show”. “Quadrante é feito de vários números totalmente diferentes. Tem humor, teatro, poesia. A coisa em comum são os autores brasileiros”, afirma. Arthur Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Flávio Rangel, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Millôr Fernandes, Monteiro Lobato, Rubem Braga, Vinicius de Moraes comparecem com os textos.

“Outro ponto em comum são as coisas engraçadas. Há também a minha visão pessoal de humor, o que é literatura ou não é”, diz. Entre os textos, Autran destaca “o deslumbrante” Meu Tio, o Iauaretê, de Guimarães Rosa, que encerra o espetáculo.

A montagem se estabiliza sobre uma estrutura simples, sem recursos cênicos mirabolantes: “Quadrante foi feito sem a menor pretensão, mas resultou tão bem que estou fazendo há 14 anos”. No palco, apenas o ator. “Conto coisas, digo textos, alguns inteligentes e outros que comovem.”

A simplicidade se explica por um motivo. “Quis provar para mim mesmo que o teatro, em essência, se faz com uma idéia, um intérprete e alguém para ver e ouvir”, afirma Autran. Na verdade, ele já tinha concluído isso, “mas quis provar que essa idéia estava certa”.

Quadrante surgiu “por acaso”, confessa o ator. “Em 1989 a Caixa Econômica reuniu-se com a classe teatral a fim de mostrar um projeto e pediu que eu fizesse um espetáculo para a reunião. Eu já tinha algumas coisas que sabia de cor e juntei outras. As pessoas gostaram e me encorajaram a colocar em cartaz. Quadrante estreou na sala menor do Teatro Cultura Artística (em São Paulo). Logo depois foi para a sala grande e, graças ao sucesso, não parei mais”, diz.

Um Merlin, peça de Luís Alberto de Abreu dirigida por Roberto Lage – Antônio Petrin e Cristiane Lima formam o elenco –, sucede Quadrante na programação de reabertura do Aliança Francesa. O espetáculo, que estreou em Santo André, inicia temporada em 22 de agosto.

Quadrante – Espetáculo solo. Textos de Arthur Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Flávio Rangel, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Millôr Fernandes, Monteiro Lobato, Rubem Braga, Vinicius de Moraes. Roteiro, direção e interpretação de Paulo Autran. Sextas, às 21h30, sábados, às 21h, e domingos, às 19h. No Teatro Aliança Francesa – r. General Jardim, 182, São Paulo. Tel.: 3017-5684. Ingr.: R$ 40. Até 17 de agosto.




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