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Espera no CHM de Sto.André chega a 10 horas
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
10/06/2003 | 22:11
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Filas longas e espera de até dez horas para atendimento revoltaram terça-feira pacientes que aguardavam consulta no Pronto-Atendimento do CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André. Em audiência pública segunda-feira na Câmara Municipal, na qual o assunto foi um dos mais polêmicos, a equipe da Secretaria de Saúde esclareceu aos usuários que a espera por consulta, em média, não ultrapassava duas horas e trinta minutos.

Não foi o que os usuários constataram terça-feira enquanto aguardavam médicos do CHM. A dona de casa Jussara Dea Duran, 33 anos, chegou ao hospital com o marido e os filhos Júlio César, 6 meses, e Jéssica, 10, às 9h. Dez horas depois, ela ainda estava no hospital à espera de atendimento para o marido, que estava no corredor tomando soro. “Todos da família estão passando mal. O pediatra encontrou um caroço na barriga da minha filha. Estou preocupada porque ela só vai passar por nova consulta daqui a um mês”, disse.

O aposentado João Honório da Silva, 73 anos, chegou com pedra na vesícula às 12h, mas às 19h ainda não havia sido atendido pelo clínico geral. Outros pacientes disseram ao Diário que esperavam por consultas desde 9h da manhã. “Jogaram ele nessa cadeira de rodas. Ele está muito fraco e precisava ficar numa maca. Sempre ouvi dizer que o serviço era ruim. Na verdade, é um inferno”, disse a mulher do aposentado, Linda Manzoni, 66.

O filho do casal, João Honório, 27, foi impedido de aguardar o atendimento no hospital. “É um descaso só. Dói ver o meu pai nesta situação. Nem parece que tem médicos aqui porque ninguém nos dá nenhuma informação sobre o atendimento.”

O Diário flagrou no PS pessoas em macas espalhadas pelo corredor e nos corredores do prédio do hospital.

A falta de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) também forçava o desempregado Ronaldo Martiniano Garcia, 45 anos, a ficar na sala de emergência. Ele foi vítima de enfarte às 4h de terça-feira, mas 15 horas depois ainda aguardava um leito na UTI. “Funcionários chegaram para mim e perguntaram: você tem convênio ou conhece algum político influente para tirá-lo daqui? Não acreditei no que ouvi”, disse a irmã do desempregado, Janete Garcia Bastos, 56 anos. “Se tivesse, ele certamente não estaria aqui.”

Prefeitura – A Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, informou que o hospital tem quatro médicos no PS, mas terça-feira só três trabalhavam pois uma médica entrou em licença-maternidade. Para diminuir a espera, um médico da UTI foi deslocado para a sala de emergência após as 14h; às 15h, um médico diarista da clínica médica reforçou o quadro; e um dos médicos do PS atendeu na sala de observação, local de trânsito de pacientes.

Ainda segundo a assessoria, uma das diretoras do CHM orientou pessoalmente os familiares do paciente Garcia, informado-os que ele permaneceria na sala de emergência, onde a vigilância médica é mais constante, até haver vaga na UTI. Duas vagas foram destinadas a pacientes em estado considerado mais urgente.




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