Os funcionários da emissora, sem receber desde outubro do ano passado, serao oficialmente informados do negócio em uma assembléia, prevista para as 18h deste domingo, em frente à sede da emissora. Segundo Leal, Dallewo Jr. voltou a se comprometer a colocar os salários em dia, mas só após a aprovaçao do negócio pelo governo.
Isso pode levar até um mês para acontecer. Segunda-feira (10), às 11h, Dallewo Jr. e Kappeller têm audiência marcada com o ministro das Comunicaçoes Pimenta da Veiga, em Brasília. Eles informarao as base do negócio para que o ministro encaminhe o caso ao presidente Fernando Henrique Cardoso que pode destinar à emissora uma concessao precária. Em seguida, a venda da Manchete será submetida à aprovaçao do Congresso para que os novos donos recebam a concessao definitiva.
Dallewo Jr. comprou a Manchete por US$ 608 milhoes. A TV tem US$ 500 milhoes em dívidas com o governo. Pelo contrato, Kappeller leva US$ 1 milhao no ato da assinatura e passa a receber US$ 7,5 milhoes por seis anos. Os novos donos têm uma expectativa de faturamento mensal, com a TV, de US$ 30 milhoes por mês. No ano passado, em plena crise, o faturamento da Manchete foi de cerca de US$ 10 milhoes por mês.
O contrato também prevê que os novos donos têm seis meses para desocupar o prédio da Manchete, no Rio. A sede paulista, porém, pode ser utilizada por 4 anos. Isso porque no prédio do Rio também funciona a editora Bloch enquanto, em Sao Paulo, TV e editora ocupam dois prédios independentes. Assim, a sede da Manchete deve ser transferida do Rio para Sao Paulo. Na terça-feira, executivos da TeleTV já devem se instalar na sede paulista da Manchete.
Para fechar esse negócio, Dallewo Jr. teria conseguido um empréstimo de US$ 1 bilhao com a financeira americana Lemmon & Brothers. A TV seria a cabeça de um projeto maior na área de comunicaçao que faria parte dos planos do empresário. Feita a venda da Manchete, Kappeller deve iniciar, agora, a venda da gráfica Bloch.
Representantes dos trabalhadores da Manchete também vao tentar se encontrar com o ministro Pimenta da Veiga, segunda-feira. Márcio Leal e o diretor do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Alberto Jacob Filho, irao à Brasília, apesar de nao estarem agendados com o ministro. "Acho que seremos recebidos porque o ministro já havia dito que a soluçao dos problemas da Manchete passavam pelos trabalhadores", afirmou Leal.
Ele explicou que será pedido a Pimenta da Veiga que a sede da emissora nao seja transferida do Rio para Sao Paulo "por nao se tratar de uma nova concessao". Além disso vai se inteirar a respeito de detalhes dessa compra. A preocupaçao de Leal é saber se a negociaçao incluiu a empresa Bloch, Som e Imagem, criada, segundo o presidente do Sindicato dos Radialistas, "para fugir de obrigaçoes".
"Foi também uma estratégia porque a Manchete estava sendo disputada por outro grupo e, caso os Bloch perdessem, nao levariam tudo", explicou Leal. A Manchete estava sendo disputada na Justiça pelo empresário Hamilton Lucas de Oliveira, do grupo Instituto Brasileiro de Formulários (IBF), que disputa a emissora desde 1992. A resoluçao desse impasse também estava dificultando a venda da Manchete. A questao foi resolvida há 15 dias com ganho de causa para a família Bloch.
Leal informou que a Bloch, Som e Imagem tem 459 funcionários enquanto a TV Manchete tem outros 900. "É preciso haver sensibilidade para que os novos donos absorvam todas essas pessoas", disse Leal.
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