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Bom senso, o segredo do baterista vencedor
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
14/07/2009 | 07:00
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Divulgação


"A maior virtude do baterista deve ser o bom senso para não atrapalhar a performance dos companheiros de banda com demonstrações desnecessárias de virtuosismo". A afirmação, proferida em tom humilde e sincero, é do responsável pelo ritmo dos Paralamas do Sucesso, João Barone, eleito melhor músico da categoria em todos os tempos, segundo enquete sobre o rock nacional promovida pelo Diário.

"Quando os bateristas estão aprendendo a tocar, talvez se surpreendam com o papel simples e importante que têm dentro de uma música. Eles não têm que complicar muito e inventar. O negócio é descomplicar", resume Barone.

O instrumentista, que divide o palco com o cantor e guitarrista Herbert Vianna e o baixista Bi Ribeiro, recebeu 25 votos e bateu o recorde da eleição, que contou com 80 artistas de diversas gerações. No segundo e no terceiro lugares ficaram, respectivamente, Franklin Paolilo, do Tutti Frutti (seis menções), e o ex-Sepultura Iggor Cavalera (cinco).

Modesto, o paralama credita o êxito profissional aos parceiros, que conheceu no início dos anos 1980 quando cursou Biologia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. "Sempre que alguém lembra-se de mim nessas eleições, acho muito legal, fico superlisonjeado. Nesses momentos, reafirmo o privilégio e a sorte grande que tenho de poder me expressar musicalmente com o Herbert e o Bi. Sem eles, não seria ninguém".

Em 27 anos de carreira, o trio vivenciou situações curiosas, em que o talento e a capacidade de improviso do baterista foram testados.

"Teve uma vez, em 1994, que passei mal em um festival. Comi um negócio estragado e acabei dando uma vomitada no palco, tipo a menina do filme O Exorcista. O Herbert e o Bi falam que, apesar disso, a gente não atravessou o tempo", comenta Barone, aos risos.

PRIMEIROS PASSOS - Durante a infância e a adolescência, Barone, 46 anos, gostava de brincar na bateria do grupo A Fome, do irmão João Guilherme, que era beatlemaníaco. A banda participava de festivais estudantis na zona rural do Rio de Janeiro e ensaiava na garagem da família.

"A bateria tem um apelo grande para a criança e eu lembro que, quando tinha uns 12 anos, durante intervalo do ensaio deles, comecei a tocar a batida de Ticket to Ride, dos Beatles. Daí meu irmão falou: ‘Pô, o cara sabe tocar'. Esse apoio inicial foi importante", relembra.

Apesar do incentivo dos parentes, Barone teve de batalhar para conseguir o instrumento."Foi muito difícil, porque meus pais não tinham grana. Na época da faculdade, havia uma bateria jogada em uma repartição que tinha peles de animais e um pedal de bumbo que quebrava o tempo todo. Juntei pratos de fanfarra e fui utilizando essa como quebra-galho. Só quando gravei o primeiro disco dos Paralamas (Cinema Mudo, de 1983) é que consegui uma grana e comprei o resto de uma bateria que o Lobão tinha largado no estúdio".

THE POLICE - Principalmente nos anos 1980, quando os Paralamas ainda buscavam a identidade artística, o estilo do baterista do The Police, Stewart Copeland, foi referencial para Barone. "A influência dele foi muito marcante e, quando a gente é jovem, imita os outros mesmo, não tem jeito. A evolução natural do nosso trabalho fez com que chegássemos ao ponto de conseguir adaptar tudo o que gostamos para uma coisa própria".




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