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Pinacoteca mostra Retratos do Brasil dos viajantes
Mario Gioia
Da Redaçao
12/03/2000 | 17:51
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A Pinacoteca do Estado sedia a partir desta segunda-feira quatro exposiçoes, das quais a mais importante é Coleçao Brasiliana, com 133 obras de artistas viajantes-repórteres do século XIX que retrataram o Brasil. O acervo pertence à Fundaçao Rank-Packard, adquirido pelo colecionador e antiquário ucraniano Jacques Kugel (1912-1985).

O conceito de artista viajante-repórter foi elaborado pela historiadora e crítica de arte Dawn Ades. Ela amplia a definiçao de artistas viajantes nao apenas pela sua origem estrangeira, mas inclui pintores radicados no Brasil, como Félix-Emile Taunay (1795-1881), filho do pintor francês Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), membro da Missao Artística Francesa, que veio para o Rio de Janeiro em 1816. Dawn situa a produçao viajante entre 1810 e 1860, com quatro eixos principais de interesses: científico, ecológico, topográfico e social.

A Brasiliana apresentada na Pinacoteca se destaca pelos exemplares adquiridos de coleçoes européias, mas nao tem uma unidade estética definida, abrigando uma grande diversidade de autores, estilos e temas.

Mas, de acordo com o curador Carlos Martins, a coleçao guarda exemplares raríssimos da iconografia brasileira daquele século. Quatro telas retratando Sao Luís do Maranhao e a Floresta Amazônica, de autoria do italiano Joseph Léon Righini (1830-1884), sao inusitadas pelos poucos registros daquela época sobre o Norte e Nordeste do país.

Mais peculiar ainda sao as 22 aquarelas e lápis do francês Jules Marie Vincent de Sinety (1812-?), um oficial da Marinha com produçao praticamente desconhecida, que retratou paisagens marítimas e urbanas a bordo da corveta L'Expéditive durante uma viagem de Toulon ao Rio, realizada entre 1837 e o ano seguinte. "Sinety retrata o Atlântico de forma poética, principalmente com sua perspectiva fluida e cheia de transparências", diz o curador.

Também pouco exibido é o papel de parede panorâmico Vistas do Brasil (1830), confeccionado pelo francês Jean Julien Deitil (1791-1853) a partir de litografias do alemao Johann Moritz Rugendas (1802-1859). A obra mede 15 m de comprimento por 2,6 m de altura, constituída por 30 faixas que retratam uma suntuosa flora, índios, caçadores e colonizadores europeus às voltas com o inóspito ambiente.

A Brasiliana também traz numerosas paisagens do Rio - as preferidas dos viajantes -, arredores como Petrópolis e Teresópolis, retratos da nobreza brasileira, naturezas-mortas de inspiraçao flamenga, além de uma singela e rara visao do tropeiro paulista em Arredores de Sao Paulo (1898), do francês Georges Capgras.




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