O motivo do qüiproquó é uma suposta esperteza de Macca que, em vez de colocar o famoso crédito Lennon & McCartney para 19 faixas do álbum, pôs “composed by Paul McCartney & John Lennon” para deixar seu nome em evidência.   

Entre essas faixas, estão clássicos dos Beatles, como Hello, Goodbye, Eleanor Rigby, All My Loving, Can’t Buy me Love, Let it Be, Yesterday e Sgt. Peppers.   

Para parte dos fãs, Macca estaria disposto a “reescrever” a história dos Beatles. O advogado de Yoko, Peter Shukat considerou “ridícula” e “absurda” a atitude de McCartney e disse ainda que ambos teriam feito um acordo há 40 anos: dividir os créditos na forma Lennon & McCartney.   

Se no encarte o ex-Beatle pode ter maculado a história da banda, musicalmente não há qualquer ofensa. McCartney conferiu um acento pop a suas interpretações, mas não imprimiu ousadia às releituras de clássicos da antiga banda. Era, no mínimo, o que o público esperava. E ninguém com mais propriedade que o próprio Macca para gravar novamente – e dignamente – o repertório.   

Claro que como se trata de um álbum solo, estão lá os hits cultivados pelo músico no período pós-Beatles, como Live and Let it Die. E aí está a porção mais pop ainda do CD.   

Outro detalhe interessante é que McCartney fez questão de colocar em evidência a grandiosidade de sua turnê. São páginas e páginas de fotos da multidão, dos quatro enormes caminhões de equipamentos, de cenas dos bastidores. Verdade que o artista foi o que mais faturou em turnês nos Estados Unidos, segundo a revista Pollstar (US$ 52,8 milhões por 27 shows em 20 cidades). Mas parece sugerir um paralelo com a história dos Beatles.