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Em um ano, casos de meningite sobem 136,5% no Grande ABC

Notificações foram de 197 em 2021 para 466 em 2022; baixa adesão de imunização em crianças justifica disseminação da doença

Beatriz Mirelle
do Diário do Grande ABC
08/05/2023 | 09:54
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Claudinei Plaza/07.10.2022


 Os casos de meningite no Grande ABC aumentaram 136,5% entre 2021 e 2022. As notificações saltaram de 197 para 466. No último ano, isso simboliza ao menos um caso de meningite por dia na região. As mortes por conta da inflamação das meninges, membranas cerebrais que cobrem o sistema nervoso e a medula, foram de cinco em 2021 para 44 em 2022, o que indica alta de 780%. Os dados foram fornecidos pelas Prefeituras e a baixa adesão de imunização de crianças é a principal justificativa para esse aumento significativo.

Em quatro anos, a região acumulou 1.495 casos e 84 mortes por meningite. Apenas no primeiro trimestre de 2023, o Grande ABC somou 73 notificações e dois óbitos em decorrência dessa inflação. “Ano passado houve um surto de meningite C. Vários fatores podem influenciar. Quando há infecção pela meningite meningocócica, dão medicação para quem teve contato e vacinação para pessoas da região para realizar o bloqueio. Vimos nos últimos anos que a porcentagem de crianças vacinadas caiu muito. Isso para muitos imunizantes. Várias doenças que não tinham mais registros de surto se tornaram doenças com riscos grandes de serem reintroduzidas no País”, afirma Mirian Dal Ben, médica infectologista credenciada Omint e doutora pelo departamento de doenças infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Por causa disso, Mirian destaca que foi realizada uma campanha estadual para ampliar a cobertura vacinal para crianças de até 10 anos e trabalhadores da saúde.

O infectologista Renato Grinbaum, professor do curso de Medicina da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), explica que a meningite é a inflamação da membrana que reveste o cérebro com dezenas de causas diferentes, como bactérias, vírus ou fungos. “Pode vir a partir de reações adversas a medicamentos e infecções virais ou bacterianas. A gravidade é variável. Nas inflamações mais leves, especialmente virais, os sintomas são febre baixa, dor de cabeça e leve rigidez no pescoço. Já a meningite bacteriana é uma doença de evolução muito rápida, que costuma vir com febre alta, fortes dores de cabeça e mais rigidez no pescoço, além do fato que manchas na pele podem aparecer.” <CS10.9>Em recém-nascidos e lactantes, também pode causar vômitos, sonolência, irritabilidade e convulsões. De acordo com Grinbaum, a maioria das pessoas que possui bactérias perigosas e que podem causar meningite não desenvolverá a doença. Apesar da porcentagem baixa, os que são atingidos pela doença são aqueles que a bactéria que fica na garganta foi disseminada pelo sangue e, consequentemente, atingiu o cérebro.

Sete vacinas são oferecidas pelo SUS para meningite 

Os perfis de pessoas que mais contraem a meningite são crianças menores de 5 anos e jovens adultos, por volta da segunda década de vida, destaca Mirian Dal Ben, médica infectologista credenciada Omint e doutora pelo departamento de doenças infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). 

“A proximidade com outras pessoas, com troca de brinquedos entre crianças e beijos na boca entre jovens é uma forma de transmissão da doença.” Ela pode ser contraída pela saliva, tosse e espirros. Por isso, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo elenca que há sete vacinas recomendadas e disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). 

A dose única da BCG logo após o nascimento protege contra a tuberculose e inclui a meningite tuberculosa. A penta protege contra doenças como meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. Nessa, as três doses são aplicadas até o sexto mês de idade do bebê. A Pneumocócica 10-valente (Conjugada), com duas doses e uma de reforço até o primeiro ano da criança, a dose única da Pneumocócica 23-valente (Polissacarídica) e a Pneumocócica 13-valente (Conjugada) protegem contra doenças invasivas, incluindo a meningite. A 23 e a 13 são aplicadas somente a grupos prioritários, como indígenas, no primeiro caso, e pacientes oncológicos, no segundo. 

A meningocócica C (Conjugada) tem esquema vacinal com 1ª dose aos 3 meses, 2ª dose aos 5 meses de idade e reforço aos 12 meses. “Até os dois meses de vida da criança, é muito importante evitar levá-la para lugares com aglomeração. Quanto menos contato com outras pessoas o bebê receber antes de ser imunizado, melhor para evitar doenças”, pontua Mirian Dal Ben. 

Já a meningocócica ACWY (Conjugada) protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A C, W e Y, com esquema vacinal de uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos, a depender a situação vacinal. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, uma das principais diferenças entre a meningocócica C e a meningocócica ACWY é que a primeira vacina protege apenas contra as doenças causadas pelo meningococo do sorogrupo C, como a meningite e a meningococcemia. A meningocócica ACWY faz a proteção contra doenças causadas por quatro sorogrupos da bactéria Neisseria meningitidis: A, C, W-135 e Y. Além da meningite, a bactéria Neisseria pode causar um quadro de infecção generalizada.




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