A literatura é o mote de nestasexta-feira, às 20h, na programação da 1ª Semana Cultural Cabo-verdiana, promovida pela Associação Cabo-verdiana do Brasil, sediada em Santo André. A professora Simone Caputo Gomes, que leciona Literaturas Africanas em Língua Portuguesa na USP, comanda o debate a respeito do desenvolvimento literário no arquipélago africano. Junto à especialista comporão a mesa na Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171) os doutorandos em Literatura de Cabo Verde Genivaldo Sobrinho e Antonio Aparecido Mantovani, também da USP.

Independente de Portugal há 33 anos, o país tem uma produção literária que reflete a dominação, além da questão de identidade. " Cabo Verde teve uma triangulação cultural e geográfica, pois fica entre a África, Europa e as Américas. Foi estratégico, pois dessa maneira foi possível voltar os olhos para o Brasil", afirma a professora.

É por conta disso que a produção literária se espelhou no que ocorria por aqui, em especial durante o movimento modernista, de nomes como Manuel Bandeira e João Guimarães Rosa. Nesse contexto surge em 1936 a revista literária Claridade, marco da literatura do país com nove números publicados até 1960. "Isso foi muito para a época, porque os colonizadores não costumavam permitir esse tipo de manifestação. Além disso, não haviam editoras", conta Simone. Os textos, a princípio, revelavam os valores nativos e nacionalistas.

Hoje pertencente ao bloco dos países em desenvolvimento, Cabo Verde tem como escritores importantes Filinto Elísio, Germano Almeida (que cancelou sua participação devido a um problema de saúde) e Vera Duarte, atual ministra da Educação.