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Falso médico faz exame em clínica de São Bernardo
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
22/05/2002 | 22:15
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Um falso médico, funcionário da Rasom Diagnósticos Médicos, presta atendimento público em São Bernardo desde 2000. O técnico de raio X Antonio Fernando Luiz realiza exames de ecocardiograma na clínica da empresa – que é contratada da Fundação do ABC e presta serviços em hospitais públicos e UBSs da cidade –, na rua Tiradentes, no bairro Santa Terezinha. Segundo o Conselho Regional de Medicina (CRM), a leitura do ecocardiograma só pode ser feita por médicos. A entidade confirmou que não há registro de Antonio Fernando Luiz, que aparece na lista de pagamentos da Rasom como médico.

O próprio diretor clínico e sócio da Rasom, Elias Mendonça, admitiu a irregularidade em entrevista gravada pelo Diário. Ele afirmou que não considera a prática um “crime” e disse não temer sanções do CRM. “Sem dúvida isso é uma irregularidade, mas não chega a ser um crime para matar alguém. Mas eu assumo a responsabilidade. Isso eu respondo perante ao CRM, numa boa”, disse.

Mendonça também afirmou que ele assina os exames de ecocardiograma feitos pelo técnico; e estimou que Fernando realize uma média de 25 exames por dia. “São todos feitos sob minha supervisão, eu sempre passo por lá e checo os resultados depois.”

De acordo com a médica Maria Luiza Machado, diretora de Comunicação do CRM, o ecocardiograma é um exame que tem de ter acompanhamento integral de um médico. “Ele até pode ser feito por um técnico, desde que o médico esteja ao lado, observando.”

O Diário teve acesso a duas planilhas de pagamento da Rasom que identificam Luiz como médico. Uma delas traz a folha de pagamento de julho de 2001, na qual o nome de Luiz consta na relação de médicos com salário de R$ 2.220. No outro documento, Luiz aparece como “médico USG (ultra-sonografia)”, recebendo R$ 6 por exame realizado. O valor é mais alto do que o recebido por outros cinco médicos da empresa: R$ 4.

Mendonça afirmou que as planilhas não estão corretas e atribuiu o erro à desorganização da empresa que dirige. “A desorganização é tão grande que não era para ele estar registrado como médico.”

A reportagem procurou Luiz nesta quarta para responder à denúncia, mas foi informada pelo diretor da Rasom que a empresa não possuía telefone ou endereço do técnico, que trabalha no local há dois anos.

A reportagem também procurou o secretário de Saúde de São Bernardo, Wilson Narita, para falar sobre o caso do falso médico, mas a assessoria de imprensa não conseguiu localizá-lo até as 20h. A assessoria também afirmou que o diretor-geral do Hospital de Ensino, Walter Cordoni, responsável pelo contrato com a Rasom, não quis comentar o assunto.




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