O próprio diretor clínico e sócio da Rasom, Elias Mendonça, admitiu a irregularidade em entrevista gravada pelo Diário. Ele afirmou que não considera a prática um “crime” e disse não temer sanções do CRM. “Sem dúvida isso é uma irregularidade, mas não chega a ser um crime para matar alguém. Mas eu assumo a responsabilidade. Isso eu respondo perante ao CRM, numa boa”, disse.
Mendonça também afirmou que ele assina os exames de ecocardiograma feitos pelo técnico; e estimou que Fernando realize uma média de 25 exames por dia. “São todos feitos sob minha supervisão, eu sempre passo por lá e checo os resultados depois.”
De acordo com a médica Maria Luiza Machado, diretora de Comunicação do CRM, o ecocardiograma é um exame que tem de ter acompanhamento integral de um médico. “Ele até pode ser feito por um técnico, desde que o médico esteja ao lado, observando.”
O Diário teve acesso a duas planilhas de pagamento da Rasom que identificam Luiz como médico. Uma delas traz a folha de pagamento de julho de 2001, na qual o nome de Luiz consta na relação de médicos com salário de R$ 2.220. No outro documento, Luiz aparece como “médico USG (ultra-sonografia)”, recebendo R$ 6 por exame realizado. O valor é mais alto do que o recebido por outros cinco médicos da empresa: R$ 4.
Mendonça afirmou que as planilhas não estão corretas e atribuiu o erro à desorganização da empresa que dirige. “A desorganização é tão grande que não era para ele estar registrado como médico.”
A reportagem procurou Luiz nesta quarta para responder à denúncia, mas foi informada pelo diretor da Rasom que a empresa não possuía telefone ou endereço do técnico, que trabalha no local há dois anos.
A reportagem também procurou o secretário de Saúde de São Bernardo, Wilson Narita, para falar sobre o caso do falso médico, mas a assessoria de imprensa não conseguiu localizá-lo até as 20h. A assessoria também afirmou que o diretor-geral do Hospital de Ensino, Walter Cordoni, responsável pelo contrato com a Rasom, não quis comentar o assunto.
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