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Professores de artes alertam sobre desmonte em escolas de São Caetano

Em carta aberta à Seeduc, docentes questionam mudanças no cronograma de aulas de 2023

Beatriz Mirelle
Do Diário do Grande ABC
23/12/2022 | 08:00
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Divulgação


 Os professores de artes da rede municipal de São Caetano questionam as mudanças no ensino das disciplinas de artes cênicas, dança, música e artes visuais nas escolas integrais da cidade, notificadas a eles em dezembro. 

Essas oficinas fazem parte da grade estipulada em 2020 por portaria, mas, segundo os profissionais, terão modificações que implicam na duração das aulas e temáticas fornecidas aos estudantes. 

Em carta aberta endereçada à Seeduc (Secretaria de Educação de São Caetano), os docentes pedem esclarecimentos sobre a decisão que transforma as aulas em oficinas ministradas por professor P1 ou P2 e com títulos desvinculados ao currículo vigente. Sendo assim, a direção da escola poderá escolher quais temas serão lecionados e qual será a carga horária deles. 

“Estas mudanças se referem à descontinuidade da obrigação de serem ofertadas aos alunos as disciplinas de dança, música, teatro, artes visuais, língua inglesa, língua italiana e esportes; dando poderes à gestão de cada unidade escolar poder escolher o que lhe convém ou não, ou seja, um legítimo desmonte na área de educação, sendo alunos e professores prejudicados diante de tais medidas”, afirma professora que não quis ser identificada.

O documento detalha que a antiga matriz curricular para escolas municipais com sistema integral em São Caetano assegurava e separava de forma igualitária as aulas dessas disciplinas. “Todos os estudantes tinham garantido em sua formação o acesso à professores com formação específica em cada linguagem artística.”

Agora, com as alterações, “as cargas horárias das oficinas anteriores, relacionadas aos professores especialistas, são reduzidas para darem espaço aos novos temas”. Os profissionais desejam entender os critérios de avaliação da qualidade e relevância do que será ensinado aos alunos nos próximos anos, destacando a possibilidade de redução de oferta e descaracterização da experiência dos alunos sobre essas linguagens artísticas, que, até então, eram consideradas essenciais para a formação nas escolas municipais de tempo integral.

Outro questão pontuada refere-se aos HTPCs (horários de trabalho pedagógico coletivo). Com isso, os professores são remunerados pelo tempo destinado ao planejamento de aulas, processo de formação na área que atua, alinhamentos de cronograma com coordenação, etc. Na carta, os docentes alertam que os horários dos HTPCs serão estipulados por cada escola, assim podem variar de uma unidade para outra e eliminar os horários formativos vinculados ao Centro de CECAPE (Capacitação dos Profissionais da Educação Dra. Zilda Arns). 

QUESTIONAMENTOS

No documento, os professores de arte da rede municipal de São Caetano perguntam o porquê das mudanças e da falta de diálogo com eles para debater essas alterações. Também questionam se a situação é provocada pela necessidade de corte de custos e para evitar fazer novo concurso público para docentes em 2023. 

Além disso, querem um retorno sobre qual será o futuro dos professores que foram contratados para suprir as demandas até que o concurso público fosse realizado. Todas as perguntas foram reiteradas pelo Diário para a prefeitura e a Seeduc. Ninguém retornou até o fechamento da reportagem.




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