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Andreense usa criatividade e mantém viva tradição de Natal

Aos 71 anos, Edna Penachio reaproveita materiais recicláveis e usa itens descartados para deixar a casa no clima natalino

Joyce Cunha
Do Diário do Grande ABC
23/12/2022 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Um imóvel de fachada discreta na Rua Santa Gema, no Parque Bandeirantes, em Santo André, abriga verdadeira história de amor pelo Natal. A protagonista é Edna Penachio, 71 anos. Sem nenhum luxo, a andreense utiliza materiais recicláveis e reaproveita enfeites descartados para deixar a casa no clima natalino.

O que para muitos não teria serventia, como garrafas plásticas, nas mãos de Edna se transforma em adornos que decoram da sala de estar à cozinha. Os desapegos pós-comemorações de fim de ano também rendem nos preparativos de Edna. Foi do “lixo” de algumas casas que a moradora e sua família encontraram árvore de Natal, festões e um dos mais de 80 papais noéis que enfeitam os ambientes. 

“Esse (Papai Noel) estava na chuva e meu filho achou. Estava até embolorado. Lavei e deixei ele novinho. E tem muitas coisas que eu ganho. As pessoas sabem que eu gosto e vão me dando”, disse Edna. 

A montagem da decoração começa em meados de novembro. Entre as novidades deste ano estão os bonecos de neve, feitos com, pelo menos, 400 copos plásticos, inclusive de café. “Os bonecos eu vi na internet e no Sonda (supermercado). Eu sempre amei artesanato, mas nunca entrei em curso. Vou observando as coisas, chego em casa e quero fazer”, conta. 

A paixão pelo Natal é antiga. “Amo desde criança, viu?Mas naquela época a gente não tinha árvore, essas coisas”, lembra sobre a simplicidade de sua infância. Os pais trabalhavam na fabricação de tijolos. “Meu sonho era ter uma boneca, e eu nunca tive. Minha mãe enrolava o tijolo, fazia os olhinhos. A gente brincava e era feliz”.

Ano após ano, mesmo diante das dificuldades, o amor pelo Natal só cresceu. “Quando eu comecei a fazer a decoração, era minha maior alegria”, recorda Edna. Por mais de 20 anos, a moradora do Parque Bandeirantes tirou parte do sustento da família da coleta de materiais recicláveis. Até hoje, mesmo aposentada, complementa a renda com latinhas de alumínio que recolhe na vizinhança ou que ganha de amigos. Esse dinheiro é guardado durante todo o ano para a compra dos presentes de Natal da família. “Eu compro para todos”, se orgulha Edna ao indicar os pacotes posicionados embaixo da árvore colorida. 

Como não poderia ser diferente, a família se reunirá na casa de Edna neste fim de semana de festas. O menu natalino inclui frutas da época, peru, chester, arroz de forno e maionese. “Desde criança eu penso que Natal é Natal. Imagina você estar à mesa comendo peru, um arrozinho, e não ver um enfeite? Seria um domingo como um outro qualquer. Agora vejo tudo enfeitado e falo ‘é Natal’. Se pudesse caprichava mais”, brinca. 

Na vizinhança, o amor de Edna pelo Natal encantou Ignês Aparecida Pioto Faria, 62. “Sabemos que financeiramente, hoje, é complicado. Ela transforma tudo. E faz com amor”, opinou a amiga da família. 

Todo o esforço e criatividade fez do Natal na casa da “dona” Edna imbatível. Quem diz isso são seus netos. “Eu não passo em outro lugar”, garantiu Júlia Rocha Paulucci, 23. “Essa é minha época favorita do ano e eu tenho certeza que minha avó tem grande contribuição para isso. Chego aqui e o ambiente é outro. É um sentimento de felicidade, de renovação”, avaliou. 




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