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'Já conseguimos dobrar o número de cirurgias'

À frente do CHMSA (Centro Hospitalar Municipal de Santo André) e do Hospital da Mulher, Victor Chiavegato tem nas mãos a responsabilidade de gerenciar o atendimento ofertado nos equipamentos públicos hospitalares de Santo André

Renan Soares
Especial para o Diário
19/12/2022 | 09:00
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Celso Luiz/DGABC


À frente do CHMSA (Centro Hospitalar Municipal de Santo André) e do Hospital da Mulher, Victor Chiavegato tem nas mãos a responsabilidade de gerenciar o atendimento ofertado nos equipamentos públicos hospitalares de Santo André. Sanitarista, o diretor acumula a experiência de ter conduzido o atendimento à população andreense durante o pico da pandemia de Covid-19. Enfático, Chiavegato defende o trabalho em rede dos hospitais e destaca a importância da reforma em andamento do CHMSA, equipamento de 110 anos que passa pela maior modernização de sua história.

Nome: Victor Chiavegato

Idade: 29 anos

Local de nascimento: Jundiaí, Interior de São Paulo

Formação: Formado em Saúde Pública e doutorado pela USP (Universidade de São Paulo), com mestrado em saúde coletiva pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

Hobby: Viajar

Local predileto: Um bom restaurante

Livro que recomenda: Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex

Personalidade que marcou sua vida: Madre Teresa de Calcutá

Profissão: Sanitarista

Onde trabalha: Centro Hospitalar e Hospital da Mulher de Santo André

Quais são as unidades hospitalares hoje e qual a capacidade de atendimento em Santo André?

Hoje temos dois hospitais na cidade de Santo André e um em construção (Hospital do Idoso). Então, temos o Hospital da Mulher com 116 leitos e o CHMSA (Centro Hospitalar do Município de Santo André) que tem 280 cadastrados, mas, na prática, acabamos tendo mais leitos.

E quais são os principais desafios para garantir esse atendimento? Seria a demanda ou a questão financeira junto ao SUS (Sistema Único de Saúde)?

Cheguei aqui para assumir essas duas demandas, CHM e da Mulher, mas fiquei um tempo na pandemia fazendo a gestão dos três hospitais de campanha, no Complexo esportivo Pedro Dell''Antonia, no Estádio Bruno José Daniel e na UFABC (Universidade Federal do ABC), e tivemos uma vivência muito importante durante aquele momento. Passada a fase aguda da pandemia, aceitei o desafio de vir para essas estruturas e fazer a gestão das unidades hospitalares da cidade. Os principais desafios eu penso que, sem dúvida, é trazer a modernização para Santa Casa (outro nome usado pelo CHM). Temos feito nos últimos meses um mutirão com a equipe de desenvolvimento de projetos estratégicos para conseguirmos cuidar melhor da população e ter uma estrutura mais forte no hospital. O CHM é muito antigo, é um hospital que tem problemas hidráulicos e elétricos, então agora estamos tendo que reformá-lo todo para conseguir garantir um cuidado melhor para o usuário. E não só as estruturas, mas de humanização e segurança do paciente, além da modernização dos equipamentos. Os equipamentos que tínhamos aqui eram muito antigos. Agora, com o apoio do nosso secretário de Saúde, José Police Neto, representando o nosso prefeito Paulo Serra (PSDB), temos conseguido reforçar o hospital e comprar equipamentos mais novos, e dar uma retaguarda melhor para os nossos usuários.

O sr. estava falando um pouco sobre a pandemia, no que acha que essa experiência te ajudou a fortalecer a visão que tem hoje como gestor?

Eu me formei na USP (Universidade de São Paulo), lá na Faculdade de Saúde Pública, sou sanitarista de formação, e sempre ouvi na faculdade que o SUS era muito potente, forte e importante. Já estou trabalhando no sistema público há aproximadamente 10 anos, e vou dizer que conseguimos ver essa potência na pandemia. Esse momento foi importante para mostrar que temos mesmo um Sistema Único de Saúde muito potente. Precisamos montar três hospitais, em cima de um campo de futebol, em ginásio de basquete e em faculdade. Montamos e conseguimos cuidar das pessoas. Houve óbitos sim, mas centenas de altas. O SUS foi aos lugares em que mais precisava estar. Foram diversas atitudes para a saúde que hoje não faríamos, mas que durante a pandemia eram necessárias.

Qual o atual contexto do CHM?

O Hospital Municipal é um hospital antigo com um pouco mais de 100 anos. Ele é muito tradicional aqui na região do Grande ABC. A Santa Casa é uma unidade que tem diversas especialidades, clínicas e cirúrgicas. Ele tem uma capacidade técnica e operacional muito interessante, então recebemos aqui por dia mais de 300 pacientes, se olharmos para hospital e ambulatório, batemos quase 1.000 pacientes. Temos circulando nos nossos corredores um número muito alto, já que o hospital faz toda a retaguarda cirúrgica da cidade, ou seja, a maioria das cirurgias. Ele é fundamental. Serviços como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), quando precisam, enviam os pacientes para cá.

De que forma o CHM passará a ser moderno após as reformas?

O Hospital Municipal está recebendo um grande investimento. A ideia é que se consiga recuperar os anos em que a gente não investiu firmemente no hospital e daí eu estou falando de 20 a 30 anos. O CHM está ganhando uma fachada nova, que vai proteger da entrada de insetos no hospital. A reforma não é só estética, é protetiva. Estão sendo reformadas também internamente todas as alas, não temos mais banheiro sem vaso sanitário e pia sem cano para lavar a mão. Está tudo sendo padronizado nas mesmas cores, seguindo também as normas de higiene e técnicas de qualidade para conseguir dar um atendimento melhor para o público. Quando olhamos para dentro, temos uma grande estrutura interna que vem sendo reformada, como cozinha, rouparia, farmácia, o refeitório que era muito antigo, isso sem nenhum custo para o município, devido à parceria com as empresas que fornecem os materiais para as alas. Sentamos com todos os prestadores aqui no hospital, e pedimos para que eles fizessem essas micro-reformas que, em conjunto, viram a reforma principal. Outra coisa fundamental é que até hoje não tinha videolaparoscopia, a cirurgia era feita de forma aberta. Temos sete salas cirúrgicas com uma produção bem grande e importante. Hoje já temos os vídeos. Há três meses conseguimos a aquisição de dois vídeos, e as cirurgias passaram a ser fechadas. São minimamente invasivas. O que isso garante? Garante uma segurança do paciente muito maior já que ele não fica exposto e não precisa ficar internado por muitos dias. O que ficava de 5 a 7 dias, hoje fica dois. Além disso, toda a reforma do centro cirúrgico e das alas de internação está em andamento. É uma mudança de paradigma. Para termos noção, antes o hospital não chegava a 500 cirurgias, com média de 430, 440. Hoje estamos batendo 800 cirurgias por mês. Isso está conseguindo dar inclusive uma respiração, os pacientes eletivos estão sendo atendidos agora. Uma série de forças tarefas de final de semana, de sábado, domingo à noite, para dar conta.

Como é o dia a dia no CHM em obras?

Tínhamos um número alto de reclamações, mas ultimamente tem sido elogios. Já conseguimos entregar nesses últimos quatro meses dois elevadores para carga, para levar materiais e medicamentos, e o elevador central que estava quebrado, então tinha muita reclamação, de paciente que não conseguia subir e descer mesmo. Vamos entregar o segundo elevador para o público neste mês, a previsão é dia 22, então nós vamos ter um hospital com dois elevadores para pacientes funcionando. O elevador é um problema histórico do local, e todos os seis estarão funcionando até o final da obra. Nós estamos falando em um investimento de R$ 50 milhões de reais, então fazer uma aplicação tão alta na Santa Casa é um presente para todos nós que moramos na cidade. Mesmo que não trabalhasse aqui (CHM), eu estaria muito feliz em ver o hospital tendo uma cara nova, recepção nova, equipamentos mais novos e profissionais mais qualificados. Gostaria de fazer um agradecimento a equipe que está trabalhando, árdua e diariamente, para conseguir cuidar melhor dos pacientes. (As obras devem ir até o meio do ano de 2024)

Em relação ao Hospital do Idoso, por que os srs. viram a necessidade de ter esse espaço exclusivo para esse tipo de atendimento?

É hospital de retaguarda, municipal. Chamamos de do Idoso porque ele vai atender algumas especificidades da geriatria, então teremos ali uma retaguarda cirúrgica, será possível fazer cirurgia de catarata ali, por exemplo. Ele será muito mais que o Hospital do Idoso, é mais um nome temático. Dos 141 leitos, 80 são de clínica médica. Será possível garantir que o paciente que está internado no CHM e que não precisa das especialidades cirúrgicas disponíveis, possa ser transferido para lá e tenha um cuidado de clínica humanizado da mesma forma. O local vai conseguir trazer para aquela população da região da Vila Luzita um cuidado mais próximo, porque hoje o paciente tem que vir de muito longe. Será um hospital de muita qualidade, que vai ofertar muitas especialidades para população como endoscopia, colonoscopia, tomografia, ressonância e ultrassom.

Em breve serão três grandes hospitais, qual a importância de integrar a rede municipal?

É muito importante, primeiro porque conseguimos entender que o paciente é um só. Então muitas vezes uma gestante que está lá no Hospital da Mulher precisa de um especialista cirúrgico, então é necessário trazer ela para o CHM, ou às vezes o próprio especialista da Santa Casa vai para lá avaliála. Trabalhar em rede faz com que o cuidado seja mais próximo.

O Hospital da Mulher, que completa 15 anos no próximo ano, receberá melhorias?

Sim, iremos trocar piso, pintura inteira do hospital, caixa da água, além da reforma dos equipamentos que estavam quebrados. Em outubro, por exemplo, chegou um mamógrafo novo. O Hospital da Mulher também é um equipamento altamente qualificado, e vai receber um boom de reformas.




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