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No marco de 20 anos, segunda pista da Imigrantes enfrenta problemas

Pedágio com preço alto e acidentes são preocupações da população e da Ecovias em relação ao local que possui 21 quilômetros de extensão

Beatriz Mirelle
Renan Soares
17/12/2022 | 08:49
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Luciano Vicioni


 A segunda pista da Rodovia dos Imigrantes (descendente) completa 20 anos neste sábado (17). Desde a criação, mais de 205 milhões de veículos já passaram pelo local, que integra o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), que tem 21 quilômetros de extensão e três túneis. Apesar de revolucionar a mobilidade urbana na época, a segurança e o valor expressivo na tarifa de pedágio do local chamam atenção e se tornam pontos desafiadores. A gestão da Ecovias aposta em tecnologia para tentar reverter esses problemas.

Desde 2003, primeiro ano da Rodovia, foram notificados 2.990 acidentes no trecho de serra da segunda pista da via. Naquele ano de estreia, foram registrados 131 acidentes e em 2022 (de janeiro a novembro) foram 80 notificações. Considerando todo o ano de 2021, foram 120 acidentes, uma pequena redução de 8% em relação ao primeiro ano. No período, o fluxo de veículos aumentou de 8,1 milhões para 11,2 milhões (variação de 38%).

A inauguração da pista foi motivo de festa no Grande ABC. O evento, que aguardava cerca de 5.000 convidados, teve a presença do então governador eleito pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que passeou pelo túnel da Imigrantes com um conversível. O anúncio da solenidade oficial foi publicado na edição de 17 de dezembro de 2002 do Diário. “A segunda pista da Imigrantes será inaugurada hoje e, a partir de amanhã, estará aberta ao público com nova tarifa de pedágio (R$ 9,60). Em quatro anos de obras, a construção da nova Imigrantes consumiu mais de R$ 870 milhões e envolveu cerca de 19 mil funcionários, diretos e indiretos”, registrou o texto do repórter Samir Siviero no caderno de setecidades.

Os R$ 9,60 cobrados na época estão longe dos atuais números estipulados e quem passa pelo pedágio do sistema Anchieta-Imigrantes. Hoje, o usuário precisa preparar ainda mais o bolso. Desde essa sexta-feira (16), a nova tarifa no trecho de Piratininga atinge R$ 33,80. A mudança estava prevista inicialmente para julho deste ano, mas foi adiada pelo atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) e implementada agora em dezembro, com alta de quase 12%. 

No registro do Diário, a alteração na época foi provocada pela incorporação dos 21 quilômetros da nova pista da Imigrantes, em que os valores foram calculados a partir da tarifa quilométrica básica de R$ 0,07 por quilômetro.

INÍCIO

Durante a construção dos túneis foram utilizados quatro jumbos, potentes equipamentos para a perfuração do maciço. A cada avanço das escavações era colocada uma estrutura metálica nas paredes e teto, depois aplicado o concreto para estabilizar. Para o processo, quatro estações de tratamento de água foram construídas para que todo o líquido contaminado fosse devolvido limpo após o fim das escavações.

A segunda pista foi construída com nove viadutos, sustentados por um número menor de pilares que seu projeto original. Graças à tecnologia da obra, foi possível aumentar a distância entre eles de 45 para 90 metros, o que contribuiu para a redução do impacto ambiental. A construção da segunda pista da Imigrantes desmatou quarenta vezes menos que a primeira (ascendente), inaugurada em 1976.

“Esse era um dos maiores túneis que a gente tinha no Brasil, só foi ultrapassado no ano passado pela obra da Tamoios. Isso mostra como foi uma construção grandiosa, a frente do seu tempo”, diz o gerente de engenharia da Ecovias, Naélson Cândido.

AVANÇOS

João Paulo Capelatto, gerente de sistemas e inovação do Grupo EcoRodovias, as duas décadas de história são marcantes para repensar o futuro de uma das vias mais importantes para a população. O investimento em tecnologia foi uma das formas para tentar aumentar a segurança. 

“Nós atualizamos para um sistema com redes neurais, capaz de utilizar inteligência artificial para detectar e identificar eventos que possam se encontrar na pista, como a presença de um objeto, de um veículo parado, de pessoas andando na faixa”, argumenta Capelatto. Essas inovações são a base do monitoramento e análise de acidentes, segundo o especialista, e contam com implantação de sistemas antigoteiras e iluminação de led nos túneis, além da substituição da Detecção Automática de Incidentes das câmeras por outra mais nova.

A Ecovias informa também que possui PRA (Programa de Redução de Acidentes), que reúne semanalmente profissionais de diversas áreas da empresa que analisam as ocorrências e discutem medidas que garantam a segurança viária de todos os usuários.

Os túneis possuem jatos ventiladores, sensores de gás carbônico, detectores de calor e medição do vento. Isso sem falar nas câmeras inteligentes com detecção automática de incidentes, e estações meteorológicas (com pluviômetros e visibilímetros) espalhados pela via.

Para os próximos anos, a administração deve traçar planos para evitar os inúmeros congestionamentos registrados na rodovia, que tem um dos pedágios mais caros do Estado. 




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