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Por mês, cinco mortes por HIV ocorreram na região em 2022

No Dezembro Vermelho, especialistas alertam sobre métodos de barreira e como os tabus sobre as ISTs prejudicam o diagnóstico

Beatriz Mirelle
Do Diário do Grande ABC
13/12/2022 | 00:01
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PMD/Mauro Pedroso


O uso de preservativo durante as relações sexuais é a principal forma de evitar a transmissão das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Apesar de ser uma recomendação contínua dos órgãos de saúde, esse método de barreira ainda não é respeitado por toda população. Por isso, desde 2017, a campanha Dezembro Vermelho ocorre nacionalmente para mobilizar e conscientizar sobre o combate ao vírus do HIV, à Aids e outras ISTs. 

Apenas neste ano, o Grande ABC registrou 64 mortes por Aids, o que demonstra uma média de cinco óbitos por mês. Ao todo, entre 2019 e 2022, foram 405 mortes, sendo 83 em 2019, 125 em 2020 e 133 em 2021. Os números deste ano levam em conta os registros feitos pelas prefeituras até 07 de dezembro, exceto São Bernardo, que enviou dados fechados até o mês de novembro.

 

“A Aids é uma doença que dá para fazer acompanhamento e os remédios geram poucos efeitos colaterais. O tabu sobre as infecções segue como um grande desafio para a prevenção. É fácil falar, mas ainda tem muita gente que não se protege”, explica o infectologista Guilherme Spaziani, que atua no Hospital Emílio Ribas e no Hospital Estadual Mário Covas. 

“Além do uso do preservativo, no caso do HIV, temos a utilização da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), que são remédios antirretrovirais para evitar a infecção”, completa Spaziani.

Entre 2019 e 2022, foram feitas mais de 252.762 testagens de HIV. Esses dados em específico não contemplam Rio Grande da Serra. É importante ressaltar que o número de testes realizados não se refere às pessoas testadas, já que um mesmo indivíduo pode fazer o teste mais de uma vez. 

Na região, foram 2.392 diagnósticos no mesmo período, sendo 627 casos confirmados de HIV em 2019, 558 em 2020 e 667 em 2021. Neste ano, as prefeituras registraram 542 diagnósticos durante o mesmo período analisado.

Em relação à mortalidade, o infectologista explica que não há um único fator. “Temos uma taxa baixa graças aos tratamentos com antirretrovirais. Os diagnósticos não tiveram alta, nem ocorreram problemas com remédios nos últimos anos. A pandemia da Covid-19 pode interferir nos cuidados, mas nada tão significativo.” 

TRANSMISSÃO VERTICAL

Nanci Garrido, coordenadora do SAE (Serviço de Atenção Especializada) ligada à Secretaria de Saúde de Ribeirão Pires, tem um trabalho focado na transmissão vertical do HIV, ou seja, quando uma mãe soropositiva passa a doença para o bebê durante a gestação. 

“É protocolo nacional que as gestantes sejam testadas nos três trimestres e na hora do parto. Uma vez confirmada a doença, elas começam a tomar o antirretrovirais e após o nascimento, o bebê é monitoramos por até dois anos, com consultas uma vez por mês e exame a cada três meses. Geralmente, em um ano, já sabemos se foi infectado ou não.”

Nanci exalta que questões culturais prejudicam na prevenção. “Muita gente acha que nunca será infectada ou que está protegida em uma relação estável, mas, às vezes, o parceiro sai com outras pessoas e o cônjuge nem sabe.”

OUTRAS ISTs

A preocupação com a Aids ainda é alarmante por ser uma doença sem cura, o que difere das outras ISTs. No caso da sífilis, foram 8.345 diagnósticos confirmados na região de janeiro de 2019 até dezembro de 2022. 

“Se fizer o PREP e não utilizar preservativo, ainda é possível contrair outras ISTs. Por muito tempo essa pauta foi tratada apenas como um desafio às pessoas LGBTQIA+, mas é algo que atinge toda a sociedade”, ressalta Marcelo Gil, presidente e fundador da ONG ABCD’S (Ação Brotar Pela Cidadania e Diversidade Sexual). 




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