Quase três meses depois do início da imunização de crianças de 3 e 4 anos contra a Covid-19, a cobertura vacinal nos municípios do Grande ABC permanece muito longe do esperado. Do total de 65.320 moradores nesta faixa etária, apenas 18,6%, ou 12.143, receberam a primeira dose da vacina.

O índice é ainda menor quando considerada a segunda aplicação do imunizante. Apenas três em cada 100 crianças desta idade estão protegidas contra o agravamento de sintomas que podem ser causados pela infecção do coronavírus. Ou seja, somente 2.093 moradores de 3 e 4 anos estão com o ciclo vacinal completo contra a doença.

Os dados, fornecidos pelas prefeituras, não incluem Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que não responderam ao questionamento do Diário. No Grande ABC, a imunização para esta faixa etária começou no dia 20 de agosto, inicialmente exclusiva para a população com comorbidades, deficiências ou integrantes de comunidades indígenas. A ação foi ampliada para todos os moradores desta idade no fim de setembro.

Entre os habitantes da Região com idade entre 5 e 11 anos, a cobertura contra o coronavírus é maior. Neste grupo, 90% dos moradores, 206.856 crianças, receberam a primeira dose. O ciclo completo abrange 72,7% desta população (167.164).

"As pessoas não percebem o risco que há na baixa adesão da vacina à saúde das crianças. Temos que ser mais rigorosos com o coronavírus do que com a Influenza. Cada vez o vírus se torna mais eficiente na transmissão e costuma ser mais perigoso para pessoas que integram os grupos de risco", destacou o infectologista José Ribamar Branco.

PROTEÇÃO DE ADULTOS

Considerando a população apta a receber os imunizantes contra a Covid-19 ­ acima dos 3 anos ­, a cobertura vacinal no Grande ABC se mantém baixa a partir da 3ª dose, que é a primeira aplicação de reforço. Dos 2,8 milhões de habitantes da Região, apenas 61,4% completaram o ciclo de vacinas. Municípios da Região e de todo o Estado estão diante de nova onda de crescimento dos casos positivos de coronavírus. Entre segunda e terça-feira desta semana, foram 430 novas infecções notificadas em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá, aumento de 170,3% em relação aos 159 registros feitos no período de 1º a 7 de novembro.

A vacinação, incluindo as doses de reforço, é uma das principais medidas de prevenção ao agravamento dos casos da doença e para o controle da transmissão do vírus. Além disso, os cuidados já conhecidos pela população, como o uso de máscara de proteção facial, especialmente entre pessoas dos grupos de risco, são recomendadas. "Medidas não-farmacológicas também são importantes, principalmente higienizar as mãos com frequência, manter o uso do álcool em gel, entre outras ações que auxiliam na proteção contra a Covid", ressaltou Tatiana Lang D''Agostini, diretora do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado.