Setecidades Titulo Segurança pública
Delegacias centrais lideram o ranking de roubos e furtos

Grande volume de pessoas e facilidade para comercialização de objetos subtraídos são os principais fatores, afirma ex-delegado

Thaina Lana
Do Diário do Grande ABC
17/10/2022 | 08:21
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Celso Luiz/DGABC


Os DPs (Distritos Policiais) localizados nas regiões centrais das cidades do Grande ABC concentram o maior número de ocorrências de roubo e furto geral (que contabiliza subtrações de celular, dinheiro, entre outros objetos), em comparação com as demais unidades distribuídas pelos bairros dos municípios. Segundo levantamento realizado pelo Diário, com dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado), das 36 delegacias presentes em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá, o 1.º DP de cada cidade foi a unidade que mais registrou crimes desta natureza. De janeiro a agosto deste ano foram realizados 29.775 registros de roubo e furto nos quatro municípios, sendo que 31% desse total estão nas delegacias centrais.

Em São Caetano, a Delegacia Sede, que fica situada no Centro, está com ausência de registros de diversos tipos de crime. No período analisado foram contabilizados apenas dois casos de furto. O 1°DP da cidade está localizado no Bairro Assunção, a 2,9 quilômetros do Centro, e foi a unidade com maior número de registros de furtos e roubos. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra contam apenas com um DP em cada cidade.

Segundo informações da SSP, mesmo que a vítima realize o B.O. (Boletim de Ocorrência) em qualquer delegacia do município, o caso será encaminhado para investigação na unidade responsável pela área onde ocorreu o delito. O alto índice criminal nos centros das cidades pode estar relacionado com o maior volume de circulação de pessoas e também pela facilidade de comercialização dos produtos subtraídos, conforme afirma o ex-delegado da Polícia Civil e especialista em segurança pública, Jorge Lordello.

"Para o criminoso é mais vantajoso praticar o roubo ou furto em locais com mais pessoas, primeiro pela grande quantidade de vítimas, e consequentemente maior oferta de objetos para serem subtraídos. Segundo pela facilidade para se esconder na multidão após o delito", afirmou Lordello. "Outro fator que também contribui para o aumento de crimes na região central das cidades é a rápida comercialização dos produtos levados. O comércio ilegal e a venda de drogas é comum nesses espaços."

Do total de ocorrências registradas, o especialista acredita que o celular é o principal objeto roubado ou furtado. A popularização do pix no País e a abertura de contas em bancos digitais atraiu a atenção dos infratores. "Nos casos dos celulares há duas possibilidades: a venda de peças ou de todo aparelho, ou a aplicação de golpes envolvendo transações rápidas, como transferências bancárias e empréstimos ", disse o especialista.

Sobre o expressivo número de ocorrências nas delegacias centrais, a SSP informou que "não é correto fazer uma comparação entre os indicadores criminais de distritos policiais, bairros e cidades distintas, pois cada região possui diferentes características sazonais e geográficas."

A pasta orienta que as vítimas, de qualquer natureza criminal, devem acionar imediatamente a PM (Polícia Militar) e registrarem B.O, que também pode ser feito na delegacia eletrônica. "O B.O auxilia as forças de segurança na criação de novas ações de combate à criminalidade. A PM realiza constantemente o patrulhamento nas ruas, de acordo com as dinâmicas de índices criminais."

Para tentar diminuir os indicadores, a SSP reforçou que nos primeiros oito meses do ano foram detidas 18.221 pessoas, recuperados 7.067 veículos e apreendidas 1.060 armas na Região Metropolitana. "O policiamento em todo o Estado de São Paulo, inclusive no Grande ABC, tem sido intensificado com ações no combate aos crimes patrimoniais por meio da Operação Sufoco, que já deteve mais de 19,5 mil pessoas."




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