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'Nunca a Polícia Civil esteve tão preparada’
Renan Soares
Especial para o Diário
10/10/2022 | 00:01
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Divulgação/SSP


Osvaldo Nico Gonçalves, o Dr. Nico, foi nomeado em abril deste ano pelo governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), para a função de delegado geral, cargo máximo da Policia Civil do Estado.

Uma das atribuições é a direção geral da instituição, que envolve, entre outras atividades, a presidência do Conselho Superior da Polícia Civil, formado pelos diretores da polícia de São Paulo, definindo as diretrizes de ação e combate ao crime.

Em entrevista exclusiva ao Diário, Nico comenta sobre seu período à frente da corporação, além de temas como integração entre as forças e uso de câmeras.

Raio-X

Nome: Osvaldo Nico Gonçalves

Idade: 65 anos

Local de nascimento: São Paulo

Formação: Direito

Hobby: Futebol na Vila Belmiro

Local predileto: Vila Belmiro

Personalidade que marcou sua vida: Pelé

Profissão: Delegado geral de Polícia

Onde trabalha: Polícia Civil

Já são cinco meses com o sr. à frente da Polícia Civil. Como tem sido a experiência de chefiar a corporação?

Fui convidado pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB) para ser delegado geral de Polícia do Estado de São Paulo e encarei o convite como uma missão. Eu disse que precisava fazer algo por São Paulo, com esse sentimento que tenho, de ajudar a população e as pessoas que precisam da polícia. O mais importante é que não vou deixar de ser quem sempre fui, um policial operacional, envolvido nas ocorrências. Continuo a ser o mesmo Dr. Nico. O povo adora isso. Eu vou para os locais e todo mundo vem me cumprimentar, dizendo que estamos fazendo um grande trabalho. Esse é nosso maior pagamento: o reconhecimento da população, dos policiais e da sociedade. Acordo de madrugada e já vou para as ruas, acompanhar os casos e visitar as delegacias, além de conversar com as equipes de policiais, investigadores e delegados. Tem sido uma experiência muito gratificante e agradeço demais pela oportunidade que me foi dada.

Qual o saldo pode ser observado neste tempo de gestão?

Nós começamos já com a missão de desenvolver a Operação Sufoco, criada pelo governador Rodrigo Garcia. E um dos principais objetivos nossos foi combater as quadrilhas de pix. No primeiro dia de trabalho já desarticulamos uma central de pix e prendemos os bandidos. Começamos com tudo. Então veio o desafio do combate aos crimes praticados por falsos entregadores de aplicativos para preservar o ganha-pão dos trabalhadores que não tinham nada a ver com esses crimes. E vocês podem verificar que demos a solução. Já faz um tempo que não ouvimos falar desse tipo de crime. Nós da Polícia Civil e a PM (Polícia Militar), sempre trabalhando em conjunto, conseguimos enfrentar os bandidos e aumentar a sensação de segurança da população. Ainda sobre as quadrilhas de pix, as equipes conseguiram arrebentar as principais quadrilhas, prendendo muita gente. Recentemente, e vocês noticiaram, o pessoal do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Bernardo prendeu o Galã do Tinder. Eu fui pessoalmente à delegacia cumprimentar toda a equipe pelo excelente trabalho. Assim como fui também em Diadema e em Santo André. Dei os parabéns para todo mundo.

O sr. considera que já conseguiu colocar em prática o que desejava quando entrou?

Ainda faltam algumas coisas, mas nesse pouco tempo de trabalho acredito que consegui mostrar um pouco do que a gente pensa de segurança pública, o chão de fábrica, quem realmente faz a diferença. A gente não para. O trabalho é diário. Um ponto que tenho de ressaltar, e sempre foi nosso objetivo, é o de fazer as operações junto com a PM.

Quais os planos da Polícia Civil para o próximo ano? Já existe alguma meta?

A Polícia Civil é a mais preparada e equipada do Brasil. Em setembro, o governo do Estado entregou para a Polícia Civil 10 mil pistolas Glock, 9mm, o que tem de mais moderno em armamento; também entregamos viaturas. Estamos conseguindo melhorar e muito a estrutura da polícia. Em agosto, o governo publicou autorização para contratação de 3.500 policiais civis e técnico-científicos. São 1.333 escrivães, 1.250 investigadores e 552 delegados. Temos, 1.300 policiais em formação na Academia de Polícia. Então vocês vejam que estamos trabalhando, todos nós, para melhorar ainda mais a capacidade da Polícia Civil para atender à população e para investigar e prender os criminosos. E é esse nosso objetivo no próximo ano, servir à população da melhor forma, com a melhor estrutura.

Se vê uma alta confiança em outros delegados, como a delegada Ivalda e o delegado Artur Dian. Qual a importância dessa confiança e desta integração visando melhores resultados?

Eu, como já disse, não mudei nada. É o meu jeito de ser e trabalhar. Quem me conhece sabe que sempre fui assim. Desde os tempos de piloto do Garra, agia da mesma forma. Eu não faço distinção se é escrivão, investigador ou delegado. O importante é o sucesso final da operação. Todos têm de ser valorizados. É o que eu faço quando vou nas delegacias, nos locais de ocorrência. Eles pedem que eu grave os vídeos, falando o nome de cada policial que participou do caso. É um prazer e uma honra para este policial, que já engraxou sapatos e lavou viaturas em delegacia, hoje ser delegado geral, participar de tudo isso, com alegria e satisfação. Nós temos muitos parceiros de trabalho, muitos amigos que fizemos nesses anos de polícia. São policiais muito respeitados e trabalhadores. Tenho aliados em toda polícia, homens e mulheres que me acompanham de muito tempo, ao longo da carreira.

Sobre um equipamento que tem sido usado no uniforme das polícias militares, a câmera acoplada, este equipamento pode colaborar com investigações?

Eu sempre peço para os meus policiais filmarem tudo e fotografarem, sempre que possível. Acredito que as tecnologias a serviço da segurança pública são bem-vindas. Já esclarecemos um monte de crimes com imagens e vídeos.

Sobre organizações criminosas, recentemente tivemos dois nomes fortes presos no Grande ABC, um em Diadema (o ‘Tropa’) e outro em São Bernardo. Como tem sido o combate a essas organizações no Grande ABC?

A polícia está sempre atenta a tudo. Bandido aqui em São Paulo não se cria. Estamos combatendo incansavelmente o crime organizado, com a ajuda da PM, da Guarda Civil e da Justiça. Sem falar no povo, que ajuda a gente demais. Prendemos o Tropa sim, em trabalho louvável da polícia de Diadema, mas também prendemos outros importantes, como Gordão, em Poá, que era um dos mais procurados na lista da Interpol. Onde tiver crime, nós vamos atacar. As seccionais do Grande ABC são chefiadas por grandes policiais, todos afinados com o comando da direção do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo). A região do Grande ABC tem uma importância histórica para todos nós. E constantemente estamos trabalhando para melhorar ainda mais as estruturas de trabalho. Evidente que as nossas operações, para terem o êxito e o sucesso que a imprensa noticia, precisam ter o sigilo resguardado. O que eu posso dizer é que nunca a Polícia Civil esteve tão preparada para enfrentar o crime. Nossos policiais de inteligência recebem treinamento e os melhores equipamentos, e vamos seguir assim.

Em relação a organizações menores, como quadrilhas do pix, como tem sido o mapeamento deste tipo de crime? Continuará havendo forte combate a esta prática?

Sem dúvida que vamos continuar batendo forte. Nós temos um trabalho espetacular sendo feito pela antissequestro, do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), com a prisão de muitos integrantes de quadrilhas de pix que agiam nas zonas Oeste e Norte de São Paulo. Prendemos os principais líderes, os conteiros, que emprestam as contas bancárias para transferências. Fazemos alertas, orientamos as pessoas para marcarem os encontros em locais públicos, como shoppings, onde tenha bastante gente. Mas nós, da Polícia Civil, e a PM já salvamos muitas pessoas de cativeiro, levantamos e identificamos os sequestradores. Vamos continuar prendendo até eles entenderem que a polícia não tolera o crime.

Com relação à investigação sobre o clube AD São Caetano, seu presidente Manoel Sabino e a Feira da Madrugada, qual a situação do momento?

A Operação Hades, da 1ª Seccional, Centro, na Capital, foi desenvolvida para combater uma organização criminosa que criou e manteve em via pública o submundo do comércio popular. Todos os documentos apreendidos estão sendo periciados e analisados. Quem cometeu crime vai pagar, mas temos de ser responsáveis, esperar a conclusão das investigações e as decisões da Justiça. Esse trabalho continua para a minuciosa verificação de todo material apreendido, para desarticulação completa das organizações criminosas envolvidas.

Temos visto cooperação entre as forças de segurança em operações. Qual a importância da união entre as corporações de segurança, Militar, Civil e Guarda Municipal, para o combate ao crime?

Como tenho dito, é importante ter as forças do bem unidas no propósito do combate ao crime, e quem ganha é a população. Nós, da Polícia Civil de São Paulo, estamos muito afinados com o comando da PM e sabemos que o trabalho da Guarda Civil é bastante relevante, por isso defendo os guardas. Veja que recentemente, quando tentaram tirar o poder de polícia da guarda, fui radicalmente contra. Defendi nas minhas entrevistas a importância do trabalho deles na segurança pública, nas operações que fazemos. A Operação Sufoco, por exemplo, com todas as forças atacando o crime organizado e oferecendo uma maior sensação de segurança para a população de todo o Estado de São Paulo.




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