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Idosos descobrem a internet e se tornam vítimas de golpes

Pandemia fez crescer participação da 'melhor idade' no mundo virtual, mas mostra necessidade de mais informações

Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
29/09/2022 | 10:33
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Claudinei Plaza/DGABC

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A pandemia de Covid-19 aumentou o uso da internet, redes sociais e aplicativos pelo público com 60 anos ou mais. Foi o que indicou a pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira de bancos), com 3.000 pessoas das cinco regiões do País. O levantamento mostrou ainda que cresceram também os golpes aplicados no mundo virtual contra os idosos.

As ferramentas digitais já fazem parte da rotina dos mais velhos, e a percepção geral é que esse público transita no ambiente on-line em várias frentes, como videochamadas, vídeos, filmes e séries por streaming, pesquisa de preços e promoções, além de utilizar serviços bancários digitais entre outras atividades.

A maioria dos entrevistados, e sobretudo entre as pessoas na faixa etária acima de 60 anos, observa que os mais velhos ainda têm dificuldade de usar as ferramentas tecnológicas e creem que ainda têm pouco ou nenhum conhecimento e familiaridade com as ferramentas digitais. Outra percepção majoritária é que eles não confiam ou não se sentem seguros com as mesmas.

A pesquisa da Febraban aborda a inclusão digital dos idosos, aqueles com 60 anos ou mais. O levantamento investiga o assunto não apenas do ponto de vista do acesso desse público às novas ferramentas, mas também busca entender a distância entre os mais velhos e os mais jovens e as oportunidades para o desenvolvimento de competências digitais.

Sete em cada dez entrevistados consideram que as ferramentas digitais são igualmente importantes para os mais jovens e para os mais velhos. Por outro lado, sentimentos conflitantes ainda perpassam essa relação. Questionados sobre o principal sentimento das pessoas de 60 anos e mais quando têm que lidar com a internet, as redes sociais e ferramentais digitais, os brasileiros citam medo e insegurança.

Os resultados sinalizam a importância de políticas públicas de inclusão, a necessidade da maior participação das famílias e, ainda, a questão da segurança. A percepção de insegurança na web se apresenta como uma barreira importante à inclusão digital. Há uma ampla percepção de que os golpes e as fraudes contra idosos na internet aumentaram ou aumentaram muito nos últimos dois anos. A existência de iniciativas e políticas públicas voltadas à inclusão digital dos mais velhos é amplamente reconhecida como muito importante ou importante pelo público em geral (85%) e por esse segmento etário.

"Historicamente menos propenso a adotar essas novas tecnologias que os nativos da era digital, o público acima dos 60 anos, durante o período de isolamento social, viu na internet uma saída para se manter conectado com familiares e amigos, informar-se, ter atendimento médico, pagar contas, pesquisar sobre preços e produtos, consumir", avalia o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Ipespe, que foi responsável pela apuração dos dados.

Especialista em direito digital, o advogado Francisco Gomes Júnior, destaca a necessidade de discutir a participação dos promover a inclusão digital das pessoas mais experientes.

"Nos próximos anos, com a maior digitalização das atividades sociais e corporativas, deve haver uma maior inserção de pessoas com maior maturidade no mercado de trabalho mas para que isso de efetive amplamente é necessário treinar muitas pessoas com dificuldades em seguir o avanço acelerado da tecnologia", afirma.

Segundo Gomes Júnior, o investimento em educação digital para todas as idades é fundamental. "Ou passamos a ter políticas inclusivas em vários setores, inclusive para idosos, ou continuaremos como um país de grande potencial e pequenos resultados no tratamento de pessoas na ''''''''melhor idade'''''''', aponta.

Ele relata ainda que, com a maior expectativa de vida das pessoas, muitos países discutem a partir de qual faixa etária uma pessoa deve ser considerada idosa. Entende-se que o conceito de aos 60 anos a pessoa ser tratada como idosa não é mais adequada e algumas nações europeias começam a estabelecer 65 anos como idade para o início da terceira idade.




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