Atualizada às 11h51

O auditório do Sintetra (Sindicato dos Rodoviários e Anexos do Grande ABC) ficou pequeno na noite de ontem (12) para que familiares, amigos, sindicalistas, políticos e profissionais de outras áreas que em algum momento conheceram ou trabalharam (ou lutaram) ao lado de Francisco Mendes da Silva, que morreu no sábado, e foi enterrado hoje (12), às 10h, no Cemitério do Curucá.

Chicão, como ele era mais conhecido, foi eleito prefeito de Sandovalina, no Interior de São Paulo, em 2020, na chapa com o filho Marcos Mendes da Silva, que assume a prefeitura. Outro filho, Leandro Mendes é o atual presidente do Sintetra, que resume melhor do que ninguém quem foi o pai, que presidia o sindicato desde 1999 e se licenciou quando se tornou prefeito. "Uma pessoa que só plantou o bem. Que começou como engraxate, vendeu agulha, pente, foi cobrador, fiscal, motorista, venceu na vida, formou os filhos, sem ele eu não estaria aqui", afirmou.

O prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB) foi ao velório e emitiu nota, lamentando a morte do sindicalista: "é com extrema tristeza e pesar que recebo a notícia do falecimento do Chicão, do Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC, aos 68 anos. Chicão deixa legado de trabalho e luta. Registro aqui meus sentimentos aos familiares e amigos, que se despedem hoje deste grande homem. Descanse em paz!".

Entre dezenas de coroas de flores e muitos abraços, apesar da máscara era possível notar a emoção nos olhos de Valéria Cristina Costa, gerente administrativa do sindicato. Ela, há 40 anos trabalhando ali, disse que "Chicão foi um chefe, um amigo, confidente, parceiro nas épocas difíceis e boas. Sempre foi muito combativo, não gostava de injustiça, era um cara que não via problema em repensar suas decisões, por isso ele teve este sucesso. Ele sempre olhava para quem precisava mais do que ele, porque ele mesmo passou por momentos muito difíceis na vida (fome, desemprego). Por isso sempre foi um cara que todo mundo admirava e gostava".

Carlos Grana (PT), ex-prefeito de Santo André, afirmou que Chicão foi um "grande homem, um dos maiores líderes que nós tivemos do movimento sindical no Grande ABC. Ele não representava apenas os motoristas, cobradores e condutores de um modo geral do transporte, mas o Chicão representava o trabalhador do Grande ABC. Sempre comprometido com a luta de todos. Sempre que alguma categoria necessitava de alguma colaboração, o chicão sempre estava de prontidão. Eu conheço o Chicão há 40 anos. É mais do que uma vida, é uma despedida muito triste".

O vereador andreense Wagner Lima (PT) também lamentou a perda. "Fico muito triste, pois também sou militante do movimento sindical e a gente se espelha nas lideranças, vendo a atuação e luta de cada um para melhorar a vida do trabalhador e o Chicão era um desses".

Também compareceu o ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que enalteceu a luta e vida do sindicalista. "Chicão foi um grande dirigente, é um ícone do movimento sindical, na luta dos condutores, muito representativo, uma liderança forte, deixa um legado muito grande. Eu testemunhei recentemente na festa do Dia dos Condutores, o quanto ele é uma referência desta categoria, mesmo estando já prefeito. Se tivesse uma prateleira das grandes referências para serem imortalizadas, certamente Chicão é uma delas", detalhou.