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Ainda a Mercedes-Benz
Do Diário do Grande ABC
09/09/2022 | 08:24
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Dois dias após a Mercedes-Benz comunicar a demissão de 3.600 funcionários da unidade instalada em São Bernardo, o sindicato anunciou a paralisação da produção da montadora até domingo. Ao justificar a medida, representante da categoria citou o "clima bem desagradável, pesado, de incertezas". A greve, aprovada em assembleia realizada no início da tarde de ontem (9), demonstra que a decisão não estava tão bem afinada com a entidade que representa os trabalhadores, como a empresa alegara na terça-feira. Muito pelo contrário, aliás. Sem esclarecer as razões do corte em massa, a companhia de origem alemã dá azo à proliferação dos mais variados tipos de desconfiança e preocupações.

Entre os analistas, parece haver consenso sobre a razão que levou à mudança de rumo na Mercedes-Benz do Brasil, da qual a demissão em massa ora anunciada é a face mais visível e cruel, do ponto de vista socioeconômico. A matriz na Alemanha não está mais disposta a arcar com prejuízos acumulados desde que a direção nacional apostou na ideia de construir veículos de passeio no País, em 1999, em iniciativa que se mostrou retumbante fracasso, e exigiu o reposicionamento. Segundo dados do mercado, a companhia torrou no projeto o equivalente a R$ 4,28 bilhões, valor da época, nunca recuperados. Trocando em miúdos, a sociedade paga por um erro estratégico de meia-dúzia de engravatados.

É evidente que, como empresa privada instalada em um País com economia liberal, a Mercedes-Benz pode tomar todas as medidas que julgar necessárias para se manter competitiva no mercado, bastando não infringir a legislação nacional. Isto posto, espera-se que ao menos a companhia seja o mais transparente possível ao explicar suas decisões. Primeiro para o seu público interno; depois para toda a sociedade. O Grande ABC merece saber por que praticamente um terço da força de trabalho da tradicional e importantíssima montadora de ônibus e caminhões foi cortado. Até para que possa melhorar seu ambiente de negócios de modo a não sofrer mais baques deste tipo no futuro.




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