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Rolls-Royce se envolve em polêmica
José Luiz Vieira
Especial para o Diário
25/07/2000 | 17:36
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O mercado de carros de meio milhao de reais, na fábrica, é extremamente exigente. Ainda hoje, provavelmente, a marca mais reconhecida deste nicho é a Rolls-Royce, apesar de já ter perdido sua imagem de melhor carro do mundo. A Rolls-Royce faz também o Bentley, para quem nao quer ostentar a grade de radiador de estilo grego, que é a marca registrada da companhia, e para aqueles que desejam um veículo com características um pouco mais esportivas.

No rolo que foi a definiçao da venda da Bentley para a Volkswagen e da sobra da Rolls-Royce para a BMW, muitos observadores da indústria ficaram sem saber o que pensar. A Volkswagen vem comprando tudo de apetitoso que lhe aparece pela frente. A BMW perdeu seus dois principais executivos numa briga pública pelo poder. Para completar, o novo Rolls-Royce Silver Seraph peca naquilo que nao podia pecar: por um erro de projeto, tem espaço exíguo onde vai aquele que paga uma fortuna pelo carro: o dono, no banco traseiro. O pior de tudo é que há surdos rumores (proprietário de Rolls-Royce nao grita) de insatisfaçao a respeito de seu motor. As vendas vêm caindo e todos - BMW, VW, R-R e Bentley - estao preocupados e trabalhando como doidos, prontos a atravessar os próximos três anos preparados para uma briga feia.

Ninguém duvida de que os BMW V12 sejam excelentes motores - mas nos novos Rolls-Royce Seraph sao sério pomo de discórdia: os proprietários de Rolls-Royce estao acostumados com torque máximo a 2 mil rpm e potência máxima a 4 mil giros, e o BMW tem torque máximo ao dobro disso. O V8 tradicional é praticamente indetectável em sua operaçao: extremamente bem-equilibrado, utiliza pistoes e bielas com diferenças máximas de peso, entre os mais leves e os mais pesados, de um décimo de grama, e virabrequim forjado. O V12 também é bem equilibrado, mas gira muito alto e é perceptível - portanto, nao tao civilizado quanto deveria ser.

Nas conversas um a um com clientes tradicionais da R-R, os homens de marketing da BMW e da Volkswagen ouvem sempre a mesma história: o que interessa é torque, nao potência. Mais: o número ideal de cilindros é oito - uma alusao direta aos 16 e 18 cilindros do Volkswagen Bugatti, aos 24 cilindros do Mercedes Maybach, e à sua preferência inconteste: um V8 à la americana, com sete ou oito litros, eixo-comando no vale dos cilindros e a simplicidade, tranqüilidade e confiabilidade das varetas.

Em 2003, a marca Rolls-Royce passará a ser propriedade da BMW, enquanto a Bentley e a fábrica de Crewe ficarao com a Volkswagen. A BMW terá de ter um motor só para Rolls-Royces, provavelmente um V8, com torque lá embaixo para excelente flexibilidade, aceleraçao, retomada e, tradicionalmente, potência máxima suficiente. Um pedido constante dos aficionados é que o propulsor chegue perto dos quase absurdos 110 kgfm de torque máximo que a firma inglesa MCD, do consultor Al Melling, conseguiu do velho V8 com duplo turbo - mas sem eles, já que pretensoes esportivas sao exatamente o oposto do verdadeiro caráter do ícone inglês.




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