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Pressão portuguesa para Brasil voltar a ser colônia foi estopim para Independência

Pressionado, dom João 6° retorna a Portugal e abre caminho para fim dos domínios portugueses

Heitor Mazzoco
Do Diário do Grande ABC
07/08/2022 | 09:33
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Pedro Américo/Reprodução


A vontade da elite portuguesa em manter o Brasil como uma colônia - e continuar a exploração em terras americanas - impulsionou a independência do País em setembro de 1822.

Para explicar aquele momento histórico, que completará no mês que vem 200 anos, voltamos ao ano de 1808, quando dom João 6º se refugiou no Brasil depois do avanço das tropas francesas de Napoleão Bonaparte ao território português. O medo, à época, era perder o trono real.

Com a mudança da família real para terras brasileiras, a sede do Império de Portugal foi transferida para o Brasil, o que deixou a população portuguesa insatisfeita.

Anos depois, em 1820, a elite daquele País começou um movimento, que ficou conhecido como Revolução Liberal do Porto, para exigir o retorno de dom João 6º a Portugal. Este movimento, consequentemente, levaria a sede do Império a voltar ao solo português.

A elite da nação portuguesa já percebia o movimento capitalista como sistema a ser consolidado. Para fortalecer os rumos do País, ela exigia a presença de dom João 6º.

Mas tornar o Brasil, de novo, uma colônia, não estava nos planos daqueles que moravam no País sul-americano. Desde 1808, o Brasil passou po um avanço, como explica o historiador Eduardo Lima, mestre em história social pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), de Assis.

“A família real veio para o Brasil e tivemos ampliação dos negócios dos brasileiros com a Inglaterra. Isso com a abertura dos portos no País. A família real vai movimentando essa elite brasileira e a economia abre fronteiras agrícolas”, disse. “Então, o estopim para independência foi a tentativa de recolonizar o Brasil.”

REVOLTAS

Ainda pesou o fato de o Império português ser alvo de tentativas de separação dentro do Brasil. Um exemplo, cita Eduardo Lima, é a Revolução Pernambucana de 1817, que durou entre março e maio daquele ano.

A coroa portuguesa havia determinado a ampliação de impostos, os comandantes governamentais eram portugueses e a manutenção dos integrantes da família real eram altos. Estes foram alguns dos motivos que levaram os moradores de Pernambuco ao movimento republicano. “Tivemos ainda Inconfidência Mineira (1879) e a Conjuração Baiana (1798). Isso mostra que, por pouco, o Brasil não se tornou vários pequenos países, como aconteceu com a América espanhola”, afirma Lima.

O RETORNO DE DOM JOÃO

Em abril de 1821, dom João 6º cede aos burgueses de Portugal e retorna ao País de origem. Dom Pedro 1º assume como regente. A insatisfação dos brasileiros com relação aos portugueses aumenta quando, em dezembro de 1821, dom Pedro 1º recebe orientação para retornar a Portugual, o que não aconteceu. Supostamente comovido com o pedido dos brasileiros, dom Pedro 1º declarou ficar no Brasil, quando teria dito: “Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”.

De hoje até o dia 7 de setembro, o Diário publica uma série de reportagens com a história e curiosidades sobre os 200 anos da Independência do Brasil.

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