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Pacote reúne sete discos de Tim Maia
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
10/09/2001 | 19:24
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Quase três anos e meio depois da morte de Tim Maia, e às vésperas do que seria seu 59º aniversário, a Paradoxx coloca no mercado sete discos do cantor anteriormente lançados pelo seu próprio selo, Vitória Régia. Junto com estes, chega às lojas o CD Tim Maia Pra Sempre (R$ 20 em média cada um) com quatro canções dedicadas a Adriana Silva, a mulher com quem estava casado quando morreu.

Apesar da grande quantidade de discos, o pacote não abrange toda a trajetória do cantor carioca. Deixa a desejar em termos de apresentação gráfica e qualidade da gravação, mas dá bons exemplos da versatilidade do artista que, sem nunca perder a dignidade, passeou pelo repertório brega, romântico, soul, bossa nova e experimental. Além disso, o pacote também representa as últimas criações de Tim Maia.

Depois de manchar seu currículo em quase todas as grandes gravadoras do Brasil, por causa de sua indisciplina e crítica feroz, Tim Maia partiu para o trabalho solo gravando discos em seu próprio estúdio, em Recreio dos Bandeirantes, no Rio.

“Ele fez esses discos com muito carinho, mas eles foram pouco divulgados. Creio que venderam uns 10 mil, ao todo”, afirmou Adriana, a viúva de Tim.

O primeiro dessa safra é Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova (1990), um dos mais interessantes trabalhos do pacote. Nele, com seu vozeirão, o artista mostra que bossa nova pode ser deliciosa mesmo sem delicadeza ou interpretação nasalada.

A idéia desse disco surgiu por acaso, quando o produtor Almir Chediak tocou Eu e a Brisa ao violão, na casa de Tim. A interpretação do soulman cativou Chediak e, pouco tempo depois surgiu o álbum, com a curiosa dobradinha de A Rã, em duas versões, porque o cantor queria uma leitura e o produtor, outra.

O gênero agradou tanto a Tim Maia que mais tarde ele relançou Amigo do Rei – Tim Maia & Os Cariocas, interpretando faixas como Ela é Carioca, Lindeza e Samba do Avião, misturadas a Essa Tal Felicidade e Azul da Cor do Mar.

Com exceção de Tim Maia Pra Sempre, os demais discos resultam de uma produção desenfreada do cantor que, em 1993, foi trazido à tona de novo como o “síndico” da música W/Brasil, de Jorge Benjor. Um empurrão valioso para Tim, que naquele ano foi expressamente proibido de aparecer em qualquer programa da Rede Globo, por causa do “cano” que deu no Domingão do Faustão.

Nessa lista, estão Pro Meu Grande Amor, Só Você (Para Ouvir e Dançar), Sorriso de Criança, What a Wonderful World – Oldies but Goodies e Ao Vivo II. Esse último, apesar do formato manjado, é um dos melhores, pois reúne grandes sucessos e mostra como era Tim no palco: excelente intérprete que sempre reclamava do som e mandava mensagens aos amigos.

Segundo a viúva, ainda há um significativo material inédito de Tim Maia, que não é levado a público por causa da briga judicial entre ela e o filho do cantor, Carmelo Maia, o qual Adriana diz que “é o único filho legítimo”.

Mas o lançamento desse pacote é só o começo. No próximo ano, quando Tim Maia completaria 60 anos, Adriana pretende lançar dois livros: um só com as receitas apreciadas pelo marido e outro, óbvio, sobre a convivência do casal durante os últimos cinco anos de vida do cantor.




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