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Dia dos Namorados e capitalismo
Do Diário do Grande ABC
12/06/2022 | 08:07
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Em pleno advento da globalização, da proximidade virtual, da redução das enormes distâncias geográficas, da praticidade da internet, das rede sociais, chegamos a mais um Dia dos Namorados. É tão interessante que enquanto as sociedades mudam seus comportamentos acerca de diversos assuntos, ainda continuam tradicionalmente presas a certas datas que foram idealizadas para contexto totalmente diverso do que vivemos hoje.


O Dia dos Namorados, anteriormente, era visto como o dia de celebrar as relações, mas, atualmente, vemos relações que vão e vêm de maneira tão rápida que quase não dá tempo de alguma celebração. Ao mesmo tempo em que as pessoas querem algum compromisso, não querem mais, porque a vida ‘prática’ e a ‘busca’ pelo ‘sucesso individual’ não permitem que o ser humano se prenda a um relacionamento que possa interferir em sua trajetória.


A multiplicidade das identidades intitulada como ‘sujeito pós-moderno’ por Stuart Hall (teórico cultural e sociólogo britânico-jamaicano) vai de encontro ao amor líquido que Zigmunt Bauman (sociólogo e filósofo polonês) previa em 2003, onde falava também sobre a solidão nas grandes cidades e a desconfiança entre as pessoas, tudo isso causado pela falha do Estado em proteger o ser humano contra seus infortúnios individuais. Ao assumir a responsabilidade de autoproteção, antes delegada ao Estado, o resultado se deu na quebra e no enfraquecimento dos vínculos humanos, gerando a fluidez e a liquidez nos relacionamentos e a inconstância nos compromissos.


Mas ainda há tempo de salvaguardar nossos relacionamentos? Ainda há tempo de solidificar as relações? Creio que sim. Basta deixarmos de substituir a sociedade do espetáculo, apontada por Guy Debord (escritor francês), pela vida ‘real’, ou seja, valorizarmos mais as pessoas do que as coisas. Assim, poderemos talvez entender por que as consciências coletivas, formadas pelo consenso das consciências individuais (Durkheim), insistem, mesmo no meio de tanta liquidez, conclamar o Dia dos Namorados.


Será que tudo isso não se revela na sede de relacionamentos mais duradouros, ou simplesmente é saudade? Interessante se pensar por que, no meio de tanta obsolescência programada, onde se prega a todo canto a importância do sucesso individual, o Dia dos Namorados, que seria o dia daqueles que vivem e sonham em crescer juntos, ainda esteja vivo nas nossas sociedades. Uma coisa pode ser dita, ou todo este paradoxo já se explica na dita saudade, ou tudo isso pode ser ainda pior, ou seja, apenas mais um alvo do desenfreado capitalismo.

Paulo Sergio Gonçalves é professor de sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Estácio.


PALAVRA DO LEITOR

Empregos
A economia brasileira se recuperando mais rápido que os outros países (Grande ABC gera 3.418 vagas de emprego em abril)! Parabéns ao presidente (da República) e ao ministro (da Economia) Paulo Guedes! A ‘esquerdalha’ vai zurrar de raiva!
Pascoal Scinocca
do Facebook


Quarta onda? – 1
Aumento do número de casos (Região tem o maior número de internados desde fevereiro)? ‘Bora’ para mais doses de vacina! Agora é a quinta dose? Diziam que duas doses seriam suficientes, né? Confia!
Anderson Campos
do Facebook


Quarta onda? – 2
Eu creio que não precisamos esperar ninguém a ensinar como nos proteger. Uso de máscaras, evitar aglomerações e higienização das mãos com álcool 70% deverão estar presentes nas nossas vidas sempre. Independentemente se é ou não obrigatório.
Gersio Germiniani
do Facebook


Plano de saúde
Acho que já está na hora de as nossas autoridades pararem de se preocupar com as próximas eleições e começarem a voltar os olhos para a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Pois é absurdo o que estão fazendo com os planos de saúde das pessoas que mais necessitam, para si próprios e também seus dependentes. A corda sempre quebra do lado mais fraco (povo) e é nessa hora que nossos políticos somem, exceto raríssimas exceções. Como tudo na vida, há males que vêm para o bem e a população acordou. E será exatamente nas urnas que as respostas virão para limpeza geral.
Sérgio Antônio Ambrósio
Mauá


Carnaval para quê? – 1
Absurdo! Sem cabimento! Desnecessário! (São Paulo define data do Carnaval de rua em julho e abre licitação para patrocínio)! O feriado de Carnaval já foi e já teve desfile em abril. Já deu, né? Para que blocos de rua em julho, no inverno? Para que blocos de rua, na verdade?
Ana Emilia Monteiro
do Facebook


Carnaval para quê? – 2
Caramba! A Covid está aí! É só ir nos prontos-socorros que vão ver quantas pessoas estão fazendo testes. Nas farmácias, o povo está procurando testes para fazer, com sintomas de gripe, mas alguns estão tendo surpresa, (porque o resultado está dando ) ‘positivo’.
Sandra Assis
do Facebook


Papel das cidades
Faria mais sentido verificar como a cidade de Detroit se renovou com a saída de grandes montadoras de veículos, autopeças etc (UFABC e universidade alemã inserem cidades do Grande ABC em debate sobre governança global).
Márcio Roberto Silva
do Facebook 




Comentários

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