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Após ‘lei seca’, mortes caem 39% em Mauá
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
15/09/2003 | 20:07
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Em um ano de aplicação da lei seca, que proíbe o funcionamento de bares na cidade além de 23h, Mauá apresenta uma queda de 39% na quantidade de homicídios, estatística que leva em conta o período de janeiro a julho deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. O dado é da delegacia sede do município. Mauá foi a segunda da região a implementar a medida, seguindo Diadema, que aplica a lei há um ano e três meses. De acordo com a secretária de Finanças, Valdirene Dardin, ao completar um ano, o sistema de fiscalização será reavaliado. “Até o momento tivemos resultados muito positivos. Mas como temos um ano de fiscalização, vamos analisar o sistema para melhorar sua aplicação”, disse.

Valdirene não disse, no entanto, os defeitos na aplicação da lei. As operações de fiscalização acontecem todo dia, segundo a Prefeitura, com o apoio da Polícia Militar. “Normalmente, são duas viaturas da PM e duas da Guarda Municipal. A Polícia Civil dá apoio principalmente nos finais de semana”, disse o comandante da Guarda de Mauá, Sérgio Moraes de Jesus.

De janeiro a julho de 2002, foram registrados 120 homicídios na cidade. Neste ano, até julho, foram 73 mortes. Defensores da lei atribuem a motivos banais parcela dos crimes registrados.

Até sexta-feira, fiscais da Prefeitura haviam lavrado 480 notificações em bares que infringiam a lei – de acordo com a administração, existem 4 mil comércios regulares na cidade. Não há estimativa do número de bares clandestinos.

Para o delegado titular de Mauá, Américo dos Santos Neto, a redução do índice de homicídios é resultado não só da lei seca, mas também de outras iniciativas. “Desde o ano passado, há uma maior integração entre a as polícias e a Prefeitura, o que contribuiu para a redução dos números.” Segundo ele, com a troca de informações, o policiamento preventivo na cidade aumentou e tem dado resultados positivos. “Em Barueri e Suzano (cidades da Região Metropolitana) existe lei seca, mas os índices de homicídio cresceram nesse período”, disse.

Para o delegado assistente da seccional de Santo André, Édson Nogueira de Souza, a expansão da lei seca para outras cidades traria benefícios a longo prazo. “As cidades têm de tentar essa medida, que a princípio pode não trazer impacto nos números, mas com o tempo e a conscientização da população, ajuda a reduzir os índices”, disse.

Em Diadema, um ano e três meses após a implantação da lei seca, prevalece a queda de 25% no índice de homicídios. Oito bares foram lacrados. “Nosso número talvez seja menor porque até a lacração do bar por um ano, é preciso que o comerciante desrespeite a lei quatro vezes”, disse Regina Miki, coordenadora de Defesa Social de Diadema. Em Mauá, na terceira infração o bar é lacrado.

Para Regina, com o passar do tempo de instalação da lei mudou o comportamento na cidade. “Hoje em dia, os bares têm respeitado. Ninguém quer ficar um ano com o bar fechado.”




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