James J. Kelly, ex-combatente no Vietna, finca raízes no Nepal e se proclama a 10ª encarnaçao do deus hinduísta Vishnu. Graças a açoes ilegais de alcance internacional, Vishnu, ou Kalki, funda uma seita milionária que anuncia O Fim. Marca, inclusive, dia, mês e ano para o juízo final. Para tanto, elabora um plano meticuloso, bastante convincente do ponto de vista ficcional e nao exatamente absurdo segundo uma perspectiva real.
Kalki inaugura templos e mais templos pelo planeta ao mesmo tempo em que transforma em mania mundial uma loteria por ele inventada. Ninguém paga nada para concorrer, milagre econômico sustentado pelas tais açoes ilegais. Diretamente a seu lado Kalki mantém sua mulher, Lakshmi, um médico, uma cientista especializada em manipulaçao celular e Teddy, aviadora e escritora que conduz a narrativa. Para eles, Kalki promete a vida após O Fim, mas desde que cada um desempenhe bem o seu papel.
Atrás de Kalki, obviamente, estao a CIA, FBI, Departamento de Combate às Drogas dos Estados Unidos, Senado dos Estados Unidos e variados grupos mafiosos internacionais. Com isso, Vidal obtém todos os ingredientes para preparar o sopao de interesses ideológicos que caracteriza boa parte de seus escritos. No caso, ele o faz em uma excelente experiência no campo da ficçao científica. De passagem, o autor aproveita a chance para avacalhar todas as instituiçoes citadas, comunidades religiosas em geral, utopias baratas e (alguém tem de fazer isso sempre) a ridícula perspectiva ocidental diante de filosofias orientais. Imperdível.
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