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Região tem o mês de fevereiro com mais mortes no trânsito desde 2016

Óbitos cresceram 28% na comparação com ano passado; entre as perdas, sete foram de pedestres

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
30/03/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


As cidades do Grande ABC registraram o mês de fevereiro mais letal em acidentes de trânsito desde 2016. No mês passado foram contabilizadas 18 mortes em decorrência de acidentes, 28,6% a mais do que em fevereiro de 2021, quando foram registrados 14 óbitos – veja números na arte abaixo. Os dados são da Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), e consideram os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá – as demais cidades não notificaram casos neste período.

Entre as 18 mortes, sete foram em decorrência de atropelamento, outras sete por causa de colisão com outros veículos, dois por choque (em muros, árvores etc) e outros dois não foram identificados. Das mortes registradas nesse mês, 88,9% das vítimas eram do sexo masculino; 5,6% do sexo feminino e 5,6% não foram identificados. A plataforma ainda identifica o local dos falecimentos após o acidente, sendo que 66,7% das vítimas morreram no local, enquanto as outras 33,3% chegaram a ser levadas para o hospital.

Outro importante indicador dos acidentes fatais no trânsito é o veículo de locomoção da vítima. Foram dez mortes de pessoas que conduziam motocicletas. Pedestres aparecem na sequência, com cinco vítimas, outros dois dirigiam automóveis e uma vítima estava em uma bicicleta. Além do fevereiro mais letal dos últimos seis anos, a região contabiliza o início de ano mais fatal em acidentes de trânsito desde 2017. Em janeiro e fevereiro foram contabilizados 35 óbitos, contra 38 de cinco anos atrás. 

O comportamento dos motoristas, como excesso de velocidade e consumo de bebida alcoólica no trânsito, além do aumento de tráfego nas vias devido à volta a rotina após as medidas restritivas impostas pela pandemia são os principais fatores para a alta nos acidentes de trânsito, conforme destaca Creso de Franco Peixoto, professor da faculdade de engenharia civil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ele ressalta que os motoristas homens reproduzem padrão de imprudência no trânsito e, por isso, acabam dominando as estáticas de óbitos. 

“É um comportamento clássico do motorista homem, que até por certa influência da sociedade e por uma visão machista, busca demonstrar excesso de confiança no volante e acaba se envolvendo em mais acidentes. Outro ponto de atenção nas estatísticas é o número de vítimas que pilotam motocicletas. Isso reflete no aumento exagerado do trabalho de entregadores durante a pandemia, e que, em muitos casos, necessitam entregar no menor tempo possível as encomendas. Essa pressa no tráfego faz com que os motoristas adotem medidas imprudentes, como excesso de velocidade e desvio entre os carros, colocando eles em maior risco”, esclarece o docente. 

FATORES PSICOLÓGICOS

A psicóloga Alessandra Cieri relaciona o aumento dos acidentes de trânsito na região com as condições psicológicas das pessoas que podem gerar diversas reações e imprudências, fadiga, falta de atenção, irritabilidade, agressividade, comprometimento do raciocínio e diminuição da capacidade motora. “A falta de atenção ao volante pode estar ligada diretamente a quadros de estresse, cansaço e deficit de atenção. Por isso é fundamental cuidar de nossa saúde mental. Uma mente equilibrada pode evitar estresse, conflitos, problemas de cotidiano e até mesmo acidentes de trânsito”, explica a especialista. 

Alessandra ressalta que o uso de aparelhos celulares por parte dos pedestres pode refletir em menor atenção nas vias. “A desatenção também é uma consequência dos quadros de estresse, cansaço, ansiedade e depressão, o que boa parte das pessoas vêm vivendo após a pandemia”, finaliza.




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