Pressionada pelos efeitos da alta no preço do barril do petróleo no mercado internacional, que ultrapassou a barreira dos US$ 100 na esteira da invasão russa na Ucrânia, a Petrobras anunciou ontem mega-aumento nos preços de diesel, gasolina e gás de cozinha. O efeito cascata que a correção dos valores certamente vai causar na economia já preocupa analistas e cidadãos, especialmente. A medida chega no momento mais inoportuno possível, quando o recrudescimento da guerra no Leste Europeu já prenunciava a hipótese de estagflação, fenômeno que combina estagnação econômica e aumento da inflação – ou seja, o pior dos mundos.

O maior reajuste será aplicado exatamente no óleo diesel, cujo litro passará a custar 24,9% a mais na refinaria a partir de hoje – nos postos do Grande ABC, o valor pode chegar a R$ 7,49. Como o combustível movimenta caminhões e ônibus, pilares que sustentam os ramos de logística e transporte coletivo, dois dos mais importantes da economia nacional, é certo que desencadeará aumentos em série em praticamente 100% dos demais setores. É questão de tempo.

Apontado como principal responsável pelo aumento, o governo federal pouco tem colaborado para acalmar o mercado. Pelo contrário. As declarações erráticas e até contraditórias dadas nos últimos dias por figuras-chaves da administração provocam insegurança e temor generalizados. Na ponta final do novelo, a população prepara o bolso – afinal, em última instância, alguém terá de arcar com as consequências dos aumentos.

A bem da verdade, a tarefa do governo central não é fácil. Qualquer medida populista, como a intervenção direta do Planalto no controle do preço dos combustíveis, pode causar danos irreversíveis ao mercado de capitais, o que seria desastre no mundo globalizado. Dificilmente o País sairá incólume deste processo, assim como a sua população. O brasileiro está em choque com os reajustes nos preços de combustíveis e gás de cozinha, que inevitavelmente causarão impacto no seu bolso. A conta, infelizmente, chegou.