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Moradores da região mostram preocupação com água contaminada

Diário publicou ontem que problema acontece em cinco das sete cidades; especialista alerta para riscos à saúde com consumo frequente

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
11/03/2022 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


A informação de que a água que chega às casas e aos comércios de cinco cidades do Grande ABC – Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra – estava contaminada com substâncias tóxicas assustou moradores da região. O Diário mostrou ontem que a água fornecida à população destes municípios pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) entre 2018 e 2020, possuía agrotóxicos; substâncias que resultam de processos de tratamento de esgoto e elementos como chumbo e cádmio. 

O levantamento Mapa da Água, produzido pela ONG (Organização Não Governamental) Repórter Brasil com base em dados do Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), maiores que as substâncias tóxicas na água estavam em níveis maior do que é considerado seguro para o consumo humano.

A comerciante da Vila Assunção, em Santo André, Cinthia Matiko Suzuki da Silva, 37 anos, conta que não fazia ideia de que a água que abastecia sua perfumaria poderia estar contaminada. Ela explica que na parte da manhã a água saia com uma tonalidade diferente, e, por conta disso, passou a levar água mineral para o estabelecimento para poder fazer a higiene pessoal. “É assustador pensar que a nossa água possa estar contaminada com essas substâncias. Não pagamos barato, e no fim recebemos um produto de péssima qualidade. É realmente revoltante”, diz Cinthia.

Morador da Vila Helena, em São Bernardo, o aposentado Ivo de Alencar, 74, mostrou preocupação com a situação, “Não posso negar que fiquei assustado com a possibilidade de estar consumindo água contaminada, principalmente por causa da minha mulher, Elisabete, que também é idosa. Não sabemos o impacto desse consumo para nossa saúde”, pontuou Alencar, que mora na cidade há 68 anos.

Anderson Diogo de Aguiar, 32, comerciante há 20 anos no Rudge Ramos, em São Bernardo, afirma que utiliza a água do bar apenas para limpeza do espaço, mas que já havia reparado “uma mudança de cor na água”. “Na parte da manhã, por exemplo, a água sai em um tom terroso, não sei se tem a ver, mas já havia ficado preocupado por conta disso. Não servimos almoço, mas mesmo assim lavamos os copos que os clientes bebem com essa água”, finalizou Aguiar.

RISCOS À SAÚDE

A coordenadora de saúde planetária da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), Isadora Vianna Fernandes, alerta que o contato com essas substâncias pode desenvolver uma série de patologias, como mutações genéticas – com risco de câncer – problemas renais; alterações neurológicas, hormonais e do fígado e ; alergias; problemas no aleitamento materno e até na fertilidade, além de distúrbios gastrointestinais e respiratórios. 

“Temos também as alterações de absorção de nutrientes que são pouco faladas. O contato do organismo com metais pesados acaba diminuindo a absorção e isso pode provocar anemias e outras alterações do tipo”, ressalta a médica, que ainda explica, “o consumo de água contaminada vai causar o desenvolvimento de diversas doenças crônicas a longa prazo, e muitas pessoas não vão conseguir identificar a causa primária, que foi o consumo da água contaminada, por exemplo”, finaliza a especialista. 




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