Setecidades Titulo Problema grave
Moradores do Grande ABC ficam sem energia elétrica por 40 horas

Enel culpa a queda de árvores; prefeitos vão cobrar solução para os problemas no Consórcio

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
09/03/2022 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Após as chuvas que atingiram o Grande ABC domingo e segunda-feira, os moradores conviveram com mais um transtorno: a falta de energia elétrica. Alguns bairros, como o Parque do Governador, em Rio Grande da Serra, chegaram a ficar 40 horas sem abastecimento. A situação motivou o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB) a levar o assunto para encontro entre os prefeitos marcado para hoje, no colegiado, no intuito de organizar ação conjunta para cobrar melhoria da Enel Distribuição SP, concessionária responsável pelo fornecimento de energia.

“O serviço da Enel sempre foi de qualidade questionável, mas com as chuvas ficou inaceitável. Consumidores ficaram mais de 30 horas sem fornecimento e, pior, sem nenhuma resposta de quando o serviço seria restabelecido. Entendo as questões técnicas, mas não dá para aceitar essa situação. Vou levar o assunto para discutirmos no Consórcio (hoje) porque esse não é um problema isolado de Santo André e vamos usar todos os mecanismos para melhorar a situação”, comentou Paulo Serra. As outras cidades também se manifestaram sobre o problema (leia ao lado). 

Moradora da Rua Prudente de Moraes, no Parque do Governador, em Rio Grande, a promotora de vendas Andrea Pereira, 49 anos, afirmou que é comum esse tipo de problema no bairro. A informação foi confirmada pela auxiliar administrativa Veronica Batista de Oliveira, 49. 

Em São Bernardo, no Planalto, os moradores e comerciantes da Rua Almeida Prado estavam sem energia desde segunda-feira, às 16h, e a situação não tinha sido normalizada até o fechamento desta edição. O policial aposentado Ruy Vicente Coelho, 84, relatou que fez 25 ligações para a Enel, sem solução. “Tenho empresa de guinchos, com tudo desligado, não consigo trabalhar”, lamentou. Segundo ele, carnes que estavam na geladeira da casa do filho, no mesmo quintal, estragaram pelo tempo sem luz.

Em Santo André, na Rua Tabaiares, no Assunção, a psicóloga Sandra Monice, 58, ficou das 16h do domingo até 0h30 de ontem sem luz. Seu trabalho, que é feito de casa, não pode ser realizado; para manter o celular funcionando precisou carregar usando a bateria do carro; tudo que havia nas duas geladeiras e em um freezer foi perdido. “Prejuízo financeiro e emocional que ninguém vai ressarcir.”

No Jardim Cristiane, também em Santo André, a comerciante Maria Aparecida dos Santos Azevedo, 50, que mora na Rua Ascalon, perdeu quase todos os picolés que seriam vendidos. A munícipe ainda não fez as contas do prejuízo, mas já sabe que não vai ser pouco. 

O coordenador do Procon Consórcio, Victor Paulo Ramuno, afirmou que todas as pessoas que se sentirem lesadas podem pedir ressarcimento à Enel, e que se não for cumprido, devem entrar na Justiça para que sejam indenizados. 

Em nota, a Enel afirmou que as fortes chuvas registradas desde sexta-feira causaram danos à rede elétrica devido quedas de árvores. Segundo a empresa, em quatro dias foram cerca de 730 árvores e galhos caídos. Em muitos locais, a companhia continua atuando em conjunto com o Corpo de Bombeiros, que trabalha na retirada dessas árvores para que os atendimentos possam ser realizados. A Enel reforçou ainda que aumentou a quantidade de equipes em campo para garantir o atendimento e reparos e esclarece que cerca de 80% dos clientes já tiveram o fornecimento normalizado.

Prefeituras cobram agilidade da Enel

A Prefeitura de Santo André enviou ofício para a Enel cobrando agilidade e melhoria no atendimento das interrupções de abastecimento ocasionadas pela chuva. O documento, enviado eletronicamente, também foi direcionado para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

O prefeito Paulo Serra (PSDB) destacou que a solicitação reitera pedido para que a empresa preste atendimento mais rápido. “Não podemos aceitar que a concessionária deixe os moradores sem previsão de reparo. Precisamos que a empresa trabalhe com tempo de reparo e com informações que, de fato, correspondam com a realidade”, destacou.

A Prefeitura de São Bernardo informou que oficiou a Enel sobre problemas relacionados a interrupção, instabilidade do fornecimento e demora no reestabelecimento da energia em diversos locais do município. A administração disse que tem cobrado a empresa para estabilização imediata do serviço. Ribeirão Pires informou que está cobrando a normalização da distribuição de energia elétrica desde minutos após a tempestade registrada no último domingo. A municipalidade, inclusive, designou um assessor para cuidar exclusivamente desse assunto e tratar diretamente com a empresa de energia.

São Caetano informou que aciona a Enel sempre que há queda de energia em próprios e vias públicas, tendo sido atendida de maneira satisfatória na maioria das vezes. Diadema apenas informou que, em situações de falta de luz cuja responsabilidade seja da Enel – casos em que, geralmente, uma rua inteira ou região está com muitas ou todas as lâmpadas apagadas –, a administração solicita reparos à companhia, abrindo ordens de serviço e reiterando-as com indicação de urgência, quando necessário. A população também pode acionar a Enel nesses casos pelo telefone 0800 72 72 120. As outras prefeituras não responderam.

A Aneel informou que faz apuração dos fatos junto à distribuidora. Que as empresas poderão sofrer sanções caso a fiscalização detecte problemas técnicos no sistema de distribuição. A agência citou que outro aspecto é a ultrapassagem de limites de frequência e duração das interrupções. “Caso sejam identificados, as empresas poderão sofrer sanções, como descontos na conta das unidades consumidoras.”




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