Setecidades Titulo Consequência
Grande ABC tem queda de 40% no número de vítimas no trânsito

Dados da SSP apontam recuo nos homicídios e lesões corporais em acidentes entre 2019 e 2022

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
01/03/2022 | 00:01
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


O número de vítimas do trânsito (casos de homicídios dolosos e culposos e lesões corporais culposas) nas ruas e rodovias que cortam o Grande ABC caiu 39,3% na comparação de janeiro de 2019 com janeiro de 2022 – foram 305 registros há três anos, contra 185 no início de 2022. O indicador da região é melhor que o registrado na Capital e no Estado.

As informações foram divulgadas pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo e integram estatísticas mensais sobre a criminalidade no Estado. Dentre as sete cidades da região, apenas Mauá apresentou aumento no período analisado, com alta de 16,7%, passando de 24 para 28 casos. 

O professor da FECFAU/Unicamp (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas) Creso de Franco Peixoto avalia que a queda é reflexo da redução de circulação e da restrição de acesso às pessoas na rua por conta da pandemia de Covid-19, tanto pela adoção em massa do trabalho remoto, do fechamento de estabelecimentos comerciais como do avanço do desemprego.

Peixoto lembra que em janeiro de 2022 existe o componente da inflação, que já chega a 10% e um aparente quadro de recessão. “Economistas até dizem que é a tempestade perfeita. Com isso, é claro que temos um arrefecimento do trânsito, que se traduz em redução de acidentes com maior severidade, com feridos e mortos”, completa. 

Coordenador de Mobilidade Urbana do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Rafael Calábria corrobora a análise do professor Peixoto ao associar a queda nos dados à redução na circulação de veículos e pessoas observada neste ano. O coordenador relata que a tendência de alta que já se observa em janeiro de 2022 na comparação com o mesmo mês de 2021 e deve se consolidar à medida em que o trânsito, que atualmente ainda está em torno de 80% do que era observado no período pré-pandemia, volte ao normal.

Calábria lamenta que não foram adotadas políticas amplas de segurança viária e de mobilidade neste período entre 2019 e 2022 na região e no Brasil, o que deve resultar em retorno aos altos índices de acidentados e mortos. “Medidas que reduzam o incentivo ao carro, que promovam a segurança de pedestres e ciclistas, como alargamento de calçadas, criações de ciclovias, melhorias na geometria de ruas e avenidas, isso a gente não vê de maneira sistemática”, pondera.

O coordenador do Idec afirma que o trânsito no Brasil é um dos que mais mata no mundo e que é preciso, com urgência, a adoção de iniciativas para aumentar a segurança, a restrição do uso do carro e incentivar outros modos mais seguros e sustentáveis de mobilidade. “Precisa de uma mudança bastante severa para que haja uma queda permanente dos índices”, avalia Calábria.

Com relação à medidas que impactem de forma mais permanente no número de vítimas do trânsito, os especialistas apresentam pontos de vistas diversos. Para Calábria, a adoção de rodízios (como o que ocorre na cidade de São Paulo) é vista com bons olhos. “Pode ser uma das formas também de desestimular o uso do carro, junto com a redistribuição do espaço das vias”, cita. 

Já para o professor Peixoto, rodízios costumam causar nos motoristas sentimentos como perda da liberdade, mesmo com pagamento de taxas como seguro e licenciamento. “Os dois principais problemas no trânsito são excesso de velocidade e a junção de bebida e direção”, cita. Para o docente, é necessário aumentar a conscientização e usar os recursos de multas em ações de educação no trânsito.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;