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Padre ortodoxo da região relata preocupação diante da invasão russa

Pároco lamenta guerra e diz que comunidade está sem contato com os parentes e amigos

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
01/03/2022 | 00:02
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Celso Luiz/DGABC


Era início do dia em Kiev, capital da Ucrânia, e ainda madrugada no Brasil, quando a Rússia de Vladimir Putin iniciou os ataques ao país vizinho após meses de ameaças. Explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades. De quinta-feira para cá, a comunidade ucraniana no Grande ABC acompanhou atentamente a situação e tentou manter contato com famílias e amigos que estão por lá.

Uma dessas pessoas é o padre Venceslau Francisco Krokosz, 53 anos, da Igreja Ortodoxa Ucraniana de São Valdomiro, no bairro Barcelona, em São Caetano. Ele lembra que soube da situação no país logo no início da quinta-feira e toda comunidade ucraniana se mobilizou para entrar em contato com as pessoas conhecidas. “Toda nossa comunidade acreditava que (a guerra) ficaria apenas nas ameaças. Lá (na Ucrânia) também. Estávamos confiantes que não passaria disso”, lamenta Francisco, que assumiu à igreja em 2006. O padre é brasileiro, filho de mãe ucraniana e pai polonês, ele não tem parentes na Ucrânia, mas alguns conhecidos. 

A comunidade em São Caetano, atualmente, possui cerca de 50 famílias e teve início logo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando centenas ucranianos vieram para a região. Tempos depois, em meados da década de 1970, algumas delas foram procurar novas oportunidades nos Estados Unidos e Canadá, diminuindo em massa o povo ucraniano em São Caetano.

Segundo o padre Francisco, a comunidade do bairro Barcelona estava em contato com familiares e amigos na Ucrânia, mas há pelo menos uma semana as ligações ficaram mais difíceis. Isso porque o órgão estatal de comunicações e mídia da Rússia, Roskomnadzor, bloqueou vários meios de comunicação russos e ucranianos, devido à cobertura da guerra. 

Protestos contra a invasão surgiram em toda a Rússia por quatro dias, enquanto quase um milhão de pessoas assinaram petição on-line exigindo o fim da guerra. Os manifestantes enfrentaram detenções em massa, enquanto as autoridades restringiram o acesso às mídias sociais e ameaçaram fechar sites de notícias.

“Vamos tentando até conseguir uma resposta de alguém por lá. A oração, por enquanto, é o que está no nosso alcance. Estamos unidos espiritualmente, na esperança de um acordo (entre Rússia e Ucrânia)”, completa o padre. Os encontros na igreja de São Caetano são realizados todos os domingos, às 10h. 

O pároco ainda acredita que a população russa também clama pelo fim dessa guerra. “Claramente, é a política que está no poder. Eu já atendi uma comunidade russa (no Ipiranga, em São Paulo) há alguns anos. É um povo bom, não querem isso para o país”, avalia. “O povo ucraniano já passou por isso uma vez e vai passar por essa também e a liberdade vai reinar no país”, finaliza o padre.




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