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Bolsa negociará crédito de carbono
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
12/09/2006 | 23:45
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A BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) deve realizar até o final deste ano o primeiro leilão de créditos de carbono em bolsa do país. A iniciativa integra a segunda fase de parceria estabelecida entre a BM&F e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que prevê a implementação de um ambiente de negociação de créditos no mercado de opções, a termo e à vista.

A informação foi dada pelo gerente do Departamento de Desenvolvimento de Mercado da bolsa, Carlos Alberto Widonsck, durante evento promovido segunda à noite pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano. O leilão deve atrair boa parte dos cerca de 50 projetos de redução de emissão de gases geradores do efeito estufa que, segundo estimativas, já foram desenvolvidos no Brasil.

Por crédito de carbono, entende-se o número de RCEs (Redução Certificada de Emissões) que um projeto de remoção ou não-emissão de gases formadores do efeito estufa recebe. Cada RCE corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser emitida ou foi retirada do ambiente (leia quadro ao lado).

Na Europa, continente que pratica a negociação de créditos de carbono desde o início do ano passado, a cotação da RCE gira em torno de 16 euros, mas atingiu recentemente a casa dos 26 euros. Em 2005, esse mercado movimentou algo em torno de US$ 2 bilhões em todo o mundo, mas o potencial de geração de negócios é de US$ 30 bilhões anuais, segundo estimativas.

A primeira etapa da parceria MDIC-BM&F foi a implementação do Banco de Projetos, sistema eletrônico de registro de iniciativas com potencial de geração de créditos de carbono. “O Banco funciona como uma vitrine, pois dá viabilidade a iniciativas de redução de emissões já validadas ou em fase de estruturação”, explica Widonsck. A idéia é simples: projetos e investidores se cadastram no site. Quando os interesses coincidem, um recebe um e-mail com as informações do outro. “Isso facilita o contato, já que os compradores estão principalmente na Europa e no Japão, o que lhes permite conhecer de lá os projetos daqui”, diz. Atualmente, a Bolsa de Projetos possui duas iniciativas cadastradas e outras duas intenções de compra.

Com o objetivo de minimizar o risco, a BM&F estabeleceu convênio com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e outros institutos de pesquisa para avaliar propostas de projeto antes que sejam publicadas no Banco – procedimento que nada tem a ver com a validação do projeto feita pela ONU, que reconhece os créditos de carbono.

Para ser reconhecido, um projeto deve passar por uma série de etapas (validação, certificação e aprovação) previstas no Protocolo de Kioto. “Até pouco tempo atrás, esse processo durava dois anos. Hoje, pode ser feito em um ano ou até menos”, ressaltou Widonsck.

Com a implementação do sistema eletrônico de leilões, o que deve ocorrer no próximo ano, a BM&F espera atrair negócios que, em sua maioria, são realizados bilateralmente entre as empresas. “Com um ambiente regulado, o investidor terá mais segurança para aplicar seu dinheiro nos projetos”, explicoa Widonsck.




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