Enquanto o Brasil chora mais de uma centena de mortos na tragédia causada pelas fortes chuvas que atingiram Petrópolis, no Rio de Janeiro, Santo André dá exemplo ao executar política de prevenção em áreas de risco da cidade. A Defesa Civil andreense retirou nas últimas semanas 191 famílias que viviam em encostas sujeitas a deslizamentos no Jardim Irene, Parque Miami, Jardim Santo André, Cata Preta e morro da Kibon. Vazias, as residências precárias foram demolidas para evitar que sejam novamente ocupadas por pessoas carentes. As medidas certamente vão colaborar para evitar catástrofes neste e nos próximos verões.

Pelas suas características geográficas, cortado por rios e cheio de montes, o Grande ABC precisa ficar sempre alerta, principalmente nas temporadas chuvosas, que se estendem de dezembro a março. A região já foi palco de inúmeros episódios infaustos causados por temporais. Um dos mais recentes e violentos, ocorrido em 10 de março de 2019, deixou dez mortos, 284 desabrigados e deixou mais de R$ 1 bilhão em prejuízo à economia das sete cidades.

Infelizmente, a maioria dos municípios não entendeu o recado da natureza e pouco fez desde então para criar mecanismos de contenção. Santo André é uma das boas exceções. Além do trabalho preventivo de retirar famílias que vivem em bairros favoráveis a desmoronamentos, a administração tem investido em ações de longo alcance, como obras de drenagem.

Destaque para o trabalho de inteligência. Nos últimos anos, a cidade conseguiu mapear todas as áreas de risco, fazendo com que Defesa Civil e também equipes de assistência social atuem diretamente com a comunidade no processo de transferência de moradores para bairros mais seguros e com melhor infraestrutura.

Prevenir é sempre melhor do que remediar, ainda mais quando o que está em jogo são vidas humanas. Que a lição preventiva do governo andreense seja disseminada a outros municípios da região, especialmente àqueles que são candidatos a protagonistas da próxima catástrofe.