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O2 fecha acordo com Universal
28/07/2006 | 09:32
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Co-produção internacional é expressão que costuma soar com a doçura de um Mozart nos ouvidos dos cineastas brasileiros. Significa dinheiro para fazer os filmes e, mais que isso, possibilidade para colocá-los no mercado externo, em geral refratário à produção nacional. A O2, de Fernando Meirelles, realiza esse sonho ao celebrar acordo com a poderosa Universal Pictures e a distribuidora Focus Features, casamento anunciado quinta-feira em Los Angeles e registrado em matéria da Variety, a bíblia da indústria cinematográfica norte-americana.

Bem, pode não ser uma união para a vida toda, mas promete ser eterna enquanto durar: Meirelles assinou contrato por três anos, com financiamento de filmes brasileiros para o mercado interno e externo e pretende ver no que vai dar essa joint venture. As perspectivas são as melhores possíveis. Segundo a O2, a Universal pretende começar a produzir no Brasil o mais rapidamente possível e a empresa brasileira já dispõe de cinco projetos engatilhados. A idéia é começar a rodar o primeiro desses filmes em co-produção já no primeiro semestre de 2007.

Por enquanto, a O2 continua mergulhada em vários outros projetos. Está filmando o longa-metragem Cidade dos Homens, de Paulo Morelli. O longa-metragem de estréia do talentoso Philipe Barcinski, chamado Não por Acaso, entrou em fase de montagem. Já a co-produção com o Uruguai O Banheiro do Papa, dirigido por Cezar Charlone, encontra-se em finalização.

A O2 comparece também na produção de Antonia, o novo longa de Tata Amaral (de Um Céu de Estrelas) e está ocupada na pré-produção da série Brasilândia, com estréia prevista na Globo para outubro. Abaixo, destaques da entrevista com com Fernando Meirelles:

Dinheiro - “Em janeiro, quando começamos a falar a respeito, a idéia seria usar apenas ‘dinheiro bom’. No processo, viram que poderão contar com dinheiro incentivado também. Como eles querem financiar os projetos 100%, farão o financiamento meio a meio.”

Distribuição - “Pelo acordo valem filmes brasileiros falados em português ou inglês, mas como a idéia é produzir filmes principalmente para o mercado interno e América Latina, acho que acabaremos fazendo apenas filmes em português mesmo. Tentei incluir filmes em espanhol no pacote, mas não sei por que eles não quiseram.”

Liberdade de criação - “Eles foram bem claros sobre o objetivo: ocupar as salas no Brasil em primeiro lugar. Apenas os filmes que tenham potencial para viajar serão distribuídos fora. Mas isto não é o objetivo, seria um bônus. De qualquer maneira a O2 Filmes não tem interesse em fazer filmes pensando apenas no mercado. Se houver esta intenção, a longo prazo o acordo não terá uma vida muito longa. Mas não acredito que seja assim.

A Focus consegue fazer a incrível junção de filmes inteligentes, mas que chegam ao público. Me identifico muito com o tipo de cinema que fazem: 21 Gramas, Diários da Motocicleta, os filmes do Almodóvar, O Segredo de Brokeback Mountain etc.”

Exportação - “Certamente se houver filmes com potencial, ter a Focus como distribuidora é sem dúvida uma bela força. Eles são muito competentes no que fazem. Lançaram por exemplo O Tigre e o Dragão, em chinês, e o filme fez centenas de milhares de dólares. (Não sei o número ao certo). Nas mãos da Focus um filme brasileiro pode viajar mais longe.”

Mercado interno - “O mercado brasileiro é pequeno comparado ao norte-americano, mas não é desprezível. Eles sabem que Dois Filhos de Francisco bateu Madagascar e todos os blockbusters norte-americanos no ano passado. Sabem que o O Jardineiro Fiel fez US$1,5 milhão aqui no Brasil, comparável à Espanha e mais do que na Itália.

Essas informações pesam na decisão. De qualquer maneira eles não dependem do dinheiro que venham a fazer no Brasil, sinto que estão fazendo uma aposta a longo prazo no crescimento do nosso mercado para filmes locais. Belo exemplo estão dando, não?”



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