As sete cidades do Grande ABC registraram 468 roubos de carga em 2021. O número representa aumento de 45,3% em comparação com 2020, quando ocorreram 322 crimes dessa natureza. Levantamento realizado pelo Diário com dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) ainda apontam que de todos os roubos ocorridos no ano passado, quase metade aconteceram em São Bernardo, com 49,1% dos registros, ou 230 em números absolutos.

A Prefeitura de São Bernardo destacou que a cidade é “cortada” por importantes rodovias que conectam a Região Metropolitana ao Porto de Santos e aos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, como a Anchieta, a Imigrantes e o Rodoanel Mário Covas. Segundo a administração, “essa característica torna São Bernardo um polo logístico no qual transita grande volume de veículos de carga. Para ampliar a segurança a administração vem promovendo forte investimento em infraestrutura, com entrega de amplo pacote de obras viárias”.

Ao comparar os dados do ano passado com os de 2019, ano pré-pandemia, o aumento é de 5,1% – em 2019 foram 445 roubos de carga. Na comparação entre cidades, Santo André aparece em segundo ranking, com 98 ocorrências. Na sequência aparecem Diadema (88), Mauá (31), São Caetano (18), e Ribeirão Pires (três). Por dois anos consecutivos, Rio Grande da Serra não registrou nenhum caso de roubo de carga, sendo que em 2019 ocorreram apenas três delitos no município.

O aumento nas compras on-line durante a pandemia da Covid-19 pode ter contribuído para o crescimento no número de crimes desta natureza, conforme explica Waldomiro Pompiani Milanesi, delegado de polícia e atual coordenador do Procarga (Programa de Prevenção e Redução de Crimes Envolvendo Carga).

“Com o fechamento dos comércios, as pessoas passaram a comprar mais pela internet e, com isso, houve aumento considerável de entregas de mercadoria, fator que favorece a criminalidade. Outro ponto importante é que algumas empresas têm sinalizado os veículos de transporte, e isso facilita o roubo das cargas”, ressalta o delegado, que ainda explica que, independentemente do valor, caso a mercadoria seja furtada ou roubada é considerado roubo de carga.

Para tentar coibir essa prática, Milanesi afirma que as policias Militar e Civil realizam diversas ações de combate à criminalidade em geral, que incluiu o crime de roubo de carga. As estatísticas da secretaria são avaliadas pelas corporações para realizar operações planejadas como bloqueios e abordagens em estradas e rodovias, por meio da Operação Rodovias Mais Seguras, Interior Mais Seguro e Cavalo de Aço, por exemplo.

O especialista em segurança pública e privada, Jorge Lordello, acrescenta que, na maioria das vezes, o roubo de carga ocorre somente por demanda. “O criminoso não vende no varejo, ele já tem um cliente que encomendou a mercadoria. Em muita das vezes, é o pequeno comerciante, que foi duramente afetado pela pandemia e recebe uma oferta de compra de carga com valor muito mais baixo do mercado”, explica Lordello, que destaca também a falta de identificação dos materiais como agravante para impunidade do receptor da carga roubada.

Dados também mostram alta em outros indicadores

Além do roubo de carga, as cidades do Grande ABC também registraram crescimento anual em outros crimes, como roubo e furto de veículos e estupro de vulnerável. Em 2021 foram registradas 12.664 ocorrências de furto e roubo de veículos nos municípios da região, contra 10.429 casos em 2020 – aumento de 21,4% entre os períodos.

Entre as cidades do Grande ABC, Santo André segue com o maior número de casos de roubos e furtos de veículos, com 4.839 no total. No levantamento aparecem na sequência São Bernardo (3.128), Mauá (2.294), Diadema (1.591), São Caetano (500), Ribeirão Pires (265) e, por fim, Rio Grande da Serra (47).

Em relação aos registros de estupro de vulnerável, a região contabilizou aumento de 6,9% em relação a 2020. Ano passado foram cometidos 400 crimes contra 374, em 2020. Cidades mais populosas da região, Santo André (112) e São Bernardo (102) foram aquelas que registraram os maiores números de ocorrências. Também figuram na lista Diadema (74), Mauá (70), Ribeirão Pires (21), São Caetano (13) e Rio Grande da Serra (oito).