ouça este conteúdo
|
readme
|
Durante estes quase dois anos surgiram inúmeras ilustrações e mensagens alusivas ao processo pandêmico. Entre tantas criações, fez-se emblemático o post que mostrava um grupo de dinossauros observando atentamente um asteroide que se aproximava em sua direção. A imagem fazia entender ser aquele o corpo cósmico que eliminou estes gigantescos seres há 65 milhões de anos, enquanto um balão denunciava a fala de um dos animais: "Esse asteroide vai acabar com a nossa economia".
O dinossauro, preocupado com suas finanças, esteve e está representado nestes últimos 19 meses em todo o mundo, por substancial percentual de indivíduos, de todas as nacionalidades e classes sociais. Imperdoáveis aqueles que expuseram e comandaram seus subordinados a partir de seus confortáveis lares, isolados e blindados.
Porém, embora culpados, os negacionistas convictos, que não protegeram aos seus e a si próprios, recusaram e recusam a vacina, ironizando os milhões de mortos pela Covid-19, merecem condicionais que devem ser negadas a parcela considerável do planeta. Falo do enorme contingente que esteve na concentração defensiva até sentir-se na redoma protetiva vacinal, para então, sem ter negado a ciência, passar a agir ferozmente com as cifras diante dos olhos.
Subitamente, convulsionados gerentes de futebol e gestores públicos, sem qualquer consenso nacional, criaram normas para permitir aglomerações de milhares de torcedores, que, anestesiados pela paixão clubística, pouco se preocupavam com os riscos potenciais de suas condutas. Com raras e honrosas exceções, foram poucos narradores e comentaristas esportivos que observavam riscos na generosa exposição humana para eventuais contágios, ainda que epidemiologistas e gestores de saúde alertassem para o perigo da precocidade das ações.
Pouco importa que não tenha eclodido enorme onda de contágios nestas irresponsáveis concentrações humanas com respaldo oficial e que isso tenha ocorrido em vários outros países, o que anoto aqui é o desespero pelo ganho financeiro, a parcimônia vencida pela ambição.
Também legítimo é observar a miopia comportamental dos países ricos, faltando-lhes a compreensão da limitação funcional de seus muros, os quais são competentes impermeabilizantes contra as misérias alheias, mas incapazes de setorizar a atmosfera. Em um planeta único, ou vacinamos todos, ou deixamos os vírus em suas vontades, ir e voltar por onde quiser.
Houve um tempo, que imaginei o Sars-CoV-2 como um didata entregue pela natureza, arrogante e competente, de farto repertório de habilidades e com muita facilidade para mostrar nosso tamanho real. A sensação de que nada seria como antes parecia absoluta e difusa, modificaríamos para sempre nossos comportamentos.
Agora, principiando 2022, penso que estamos nos primeiros meses de um curso sobre asteroides, com o primeiro deles respondendo pelo nome de Covid-19!
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.