Prefeitura reduziu o horário de retirada de remédios nas farmácias dos postos; serviço, que era 24 horas, passou a ser das 8h às 18h
A redução no horário de atendimento das farmácias das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Mauá gerou discussão ontem na sessão da Câmara Municipal. O vereador Sargento Simões (Podemos) provocou parlamentares da base com a informação de que os locais, desde outubro, deixaram de funcionar por 24 horas; passaram a ficar abertos das 8h às 18h. O atendimento 24 horas nas farmácias havia sido estabelecido em 2013, no governo do ex-prefeito Donisete Braga (PDT, então no PT), e teria sido descontinuado por determinação do atual chefe do Executivo, Marcelo Oliveira (PT), segundo funcionários da saúde.
Os locais seguem com a disponibilidade de remédios em todos os dias da semana. Contudo, a mudança fez com que os munícipes ficassem descobertos do atendimento no período noturno. O assunto acabou por ser politizado. “É uma falta de empatia muito grande do governo do PT”, afirma Simões. “Tenho certeza que a base (governista) tem um cartão de crédito se precisar de remédio. É uma grande vergonha. É muito triste. Se o prefeito precisar de um remédio de madrugada, ele vai pedir por aplicativo (de entrega)”, dispara.
O parlamentar de oposição foi à UPA da Vila Magini, no início do mês, e fez críticas ao estado de conservação do local. Publicou vídeo em seu perfil no Instagram. Na sessão de ontem, relatou que recebeu reclamações de que as farmácias das UPAs não funcionam mais 24 horas desde outubro. “O desgoverno do PT continua sem olhar para as pessoas que mais precisam, esquecendo que fazer política é trabalhar para melhorar a vida das pessoas”, criticou.
Já o vereador Geovane Corrêa (PT), em entrevista ao Diário, saiu em defesa da administração petista. “Não reduziu (o horário de atendimento). Se o munícipe tiver uma emergência (e procurar os postos), ele será medicado”, lembrou. O parlamentar afirma que a mudança não traz prejuízo a moradores que necessitarem dos medicamentos no período das 18h às 8h. “A gente não tem relatos (nesse sentido). São medidas que não prejudicam a população, posso garantir”, declarou.
O petista ainda criticou Simões, que estaria politizando o tema e sem ouvir a população. “Nós somos do PT e o sargento é bolsonarista. Isso é falta de andar na periferia. Ele é pré-candidato a deputado federal”, lembrou.
Simões reconhece a pretensão de ingressar na Câmara dos Deputados e afirma que Geovane não pode negar a realidade vivida nas UPAs. “Ele não tem como defender o governo, sabe que o governo é fraco. Em relação a eu apoiar o presidente (Jair Bolsonaro, recém-filiado ao PL), isso não tem nada a ver. Ele fala nada com nada”, provoca.
O vereador Wellington da Saúde (PP), que faz parte da base do governo, diz ser contra o fim do atendimento 24 horas. Entretanto, pondera que desconhece os motivos que levaram a Prefeitura a realizar a mudança. “Isso é ruim para a população, mas acredito que a secretaria (de Saúde) deve ter um bom motivo para fechar”, defende.
Trabalhadores confirmam novo horário
Mauá conta com quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), nos bairros Zaíra, Barão de Mauá, Vila Assis e Vila Magini. Já segundo o site da Prefeitura, há UBSs (Unidades Básicas de Saúde) nos bairros Vila Carlinda, Capuava, Jardim Itapark, Vila Feital, Jardim Flórida, Guapituba, Jardim Mauá, Jardim Kennedy, Jardim Oratório, Jardim Paranavaí, Parque das Américas, Parque São Vicente, Jardim Primavera, Jardim Santa Lídia, Jardim Santista, São João, Jardim Sonia Maria, Vila Assis Brasil, Jardim Zaíra e Vila Magini.
A equipe de reportagem do Diário esteve nas UPAs Barão de Mauá e Vila Magini, ontem à tarde, para questionar o motivo da redução do horário de atendimento. Na primeira, uma funcionária da farmácia criticou a medida adotada pela Prefeitura, que determinou o atendimento das 8h às 18h. “O prefeito mandou fechar todas. Eu trabalhava no turno da noite e tive que ir para a manhã. Aqui é Mauá, pode tudo.”
Já na UPA Barão de Mauá, servidor alegou que “não tem funcionário” no local, em relação a um suposto déficit no quadro de profissionais da área da saúde. A equipe de reportagem também conversou por telefone com funcionários das outras duas UPAs da cidade, que confirmaram a redução de horário de atendimento das farmácias das unidades.
JUSTIFICATIVA
O Diário questionou a Prefeitura de Mauá em relação aos motivos para a mudança. Em nota, a administração apenas ressaltou que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) são opção para os munícipes que necessitarem de medicamentos.
Entretanto, os locais não possuem funcionamento 24 horas. “As Unidades de Pronto Atendimento são serviços mais voltados a atender urgências e emergências. Não consta na portaria de funcionamento destes equipamentos de saúde a dispensação de medicamentos. Todas as pessoas que são atendidas e precisam ser medicadas têm essa necessidade suprida. Em relação a outros atendimentos, existem as Unidades Básicas de Saúde. Neste caso, o munícipe receberá o medicamento necessário”, informa o texto da administração.
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