Grande ABC já tem 71,2% da população com duas doses contra a Covid; especialistas apontam motivos, mas descartam imunidade de rebanho
O avanço da vacinação no Grande ABC vem fazendo com que a região alcance condição de destaque. E um comparativo a alguns países do mundo coloca a região entre as localidades que mais contam com população com taxa de imunização completa, ou seja, moradores que receberam primeira e segunda doses dos fármacos.
A média das sete cidades é de 71,2% da população vacinada, índice superior, inclusive, às médias do Brasil (65%) e do mundo (43,12%), entre outras nações como França (70,8%), Alemanha (68,9%), Reino Unido (68,5%) – <CF51>veja breve comparativo na tabela ao lado; os dados são do site Our World in Data, da Universidade de Oxford.
Segundo o médico emergencista e ex-coordenador clínico multidisciplinar do hospital de campanha de Ribeirão Pires Malek Imad, a região tem a seu favor contar com órgão que debate e decide de maneira uniforme os rumos da saúde públia. “O Grande ABC tem a seu favor o Consórcio Intermunicipal, onde muitas decisões relacionadas às políticas públicas de vacinação e de combate à Covid foram tomadas em conjunto e respeitando as peculiaridades e heterogenocidade de cada região. Além disso, as grandes cidades do Grande ABC possuem um sistema primário e um programa de saúde de família bem estabelecido, o que ajudou em ações rápidas e eficientes na aplicação da vacina”, considerou.
Segundo o infectologista do Hospital e Maternidade Brasil Ruan de Andrade, os índices do Grande ABC têm “números significativos”, e explicou o motivo pelo qual as sete cidades já conseguiram alcançar tal condição. “O Estado de São Paulo, dados oficiais de hoje (ontem), tem 95% da população com mais de 18 anos com o sistema vacinal completo (leia mais abaixo) e 78% da população total com esquema vacinal completo. O Grande ABC é uma região predominantemente urbana, com IDH bem elevado, uma renda per capita maior do que a média brasileira. Então, esses são fatores que contribuem”, declarou o médico, que ainda destacou: “Três pontos são muito importantes quando a gente pensa em cobertura vacinal. Primeiro, que aqui no Brasil não há um movimento antivacina tão forte como em alguns países da Europa Ocidental ou Estados Unidos, e isso contribui bastante para que a gente consiga atingir mais pessoas. O segundo é que o Brasil tem o maior programa público de imunização do mundo, e isso facilitou um pouco essa questão da Covid. Mesmo iniciando um pouquinho depois do que outros países, acabou conseguindo atingir números mais robustos de forma mais rápida. E o terceiro ponto é que o Grande ABC se beneficia por ter um IDH mais elevado, que não tem muitos desafios logísticos, por exemplo, como em relação ao que se observa no Norte do País.”
Ambos os especialistas, no entanto, negam que a região tenha atingido a chamada imunidade de rebanho, apesar de já ter superado os 70%. “Em um vírus em constante mutação, como a nova cepa ômicron, no qual há necessidade de terceira dose e muitas pessoas ainda não fizeram uso, com população menor de 12 ainda em fase inicial de vacinação, fica difícil estabelecer uma porcentagem exata. Porém, com toda certeza, esse número alto de vacinados contribui na menor transmissão, mutação, gravidade e mortalidade pelo vírus”, pontuou Malek Imad. “Conceito de imunidade de rebanho para Covid é um pouco variável. A gente pensa nessa definição a partir do que chama de R0, que é a taxa básica de reprodução de determinada doença infecciosa. Então, o R0, que já foi acima de três em alguns momentos da pandemia no País, na última semana era R0.9. Então, se cada pessoa infecta zero ponto nove, significa que a doença está com a tendência a diminuição. Quanto maior a cobertura vacinal, espera-se que menor seja a incidência de novos casos”, finalizou Ruan.
São Paulo atinge marca de 95% dos adultos com vacinação fechada
O Estado de São Paulo ultrapassou a marca de 95% dos adultos com esquema vacinal completo contra Covid-19. Quando considerada toda a população, são 85% que receberam uma dose e 77,88% com esquema concluído. São Paulo é o Estado que mais vacina no Brasil, em números absolutos e percentualmente, e segue avançando com o calendário com celeridade à medida em que as remessas são entregues pelo Ministério da Saúde, contando com uma logística organizada para distribuição aos seus 645 municípios.
Já foram 81.176.743 doses aplicadas em toda a campanha. Entre o total absoluto de vacinas até o momento, 38.167.206 são referentes à primeira dose, 34.868.364 s de segunda, 1.179.770 de dose única e 6.961.403 doses adicionais. “O Estado avança na vacinação da dose adicional, medida bastante importante antes das festas de fim de ano. Reduzimos o intervalo da vacinação e esperamos ampliar ainda mais os números de São Paulo”, destaca a coordenadora do Plano Estadual de Imunização, Regiane de Paula.
O Estado está convocando 2,9 milhões de pessoas que ainda não tomaram a segunda dose da vacina de Covid-19 para que busquem os postos para se imunizar e, assim, concluir o esquema vacinal antes do Natal e Ano-Novo. O balanço contabiliza 707 mil pessoas que ainda precisam completar o esquema com o imunizante do Butantan/Coronavac, outras 742,7 mil da Fiocruz/Astrazeneca/Oxford e 1,5 milhão da Pfizer/Biontech.
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